Inflação nacional caiu para 0% no último mês por causa do vírus, mas custo dos serviços bancários subiu quase 6%, mostram dados do INE.
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A crise provocada pela pandemia, que impôs logo em meados de março fortes restrições à atividade económica em Portugal, não chegou para deter uma forte subida nos preços de determinadas despesas, muitas delas relacionadas com o turismo. Daqui em diante, não será bem assim.
A inflação nos serviços bancários também se destacou por ser das mais vibrantes no panorama nacional. O custo destes serviços no consumidor final estava a subir quase 6%, isto num mês em que a taxa de inflação caiu para zero.
Transportes aéreos
De acordo com cálculos feitos pelo JN/Dinheiro Vivo com base nos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) para a inflação até março, o item de despesa "transportes aéreos de passageiros" registou a maior subida do cabaz de compras dos consumidores, que é composto por várias dezenas de produtos.
Em março, o preço médio dos voos estava a subir mais de 9% face a igual mês de 2019, o que contrasta com a descida de 1,6% na classe dos transportes em geral.
O que significa que o custo das viagens aéreas acabou por não conseguir travar a quebra nos preços dos transportes. Uma das explicações é a medida de redução dos passes sociais, que levou a quebras significativas noutras formas de locomoção.
Por exemplo, o custo dos transportes combinados de passageiros afundou mais de 24% em março; o preço médio das viagens de comboio diminuiu mais de 8%. São alguns dos produtos/serviços que mais baratos ficaram face à situação de há um ano.
Mas outros itens houve do cabaz que serve para calcular o índice de preços no consumidor (IPC) que também contrariaram o ambiente geral de declínio nos preços, fruto da paragem da economia.
A seguir aos voos, o preço da carne registou o segundo maior aumento do cabaz de consumo do INE (7,4%).
O custo dos serviços financeiros, muito por causa nos novos tarifários e do agravamento das comissões bancárias, disparou quase 6% ao longo do último ano terminado em março.
A despesa com "férias organizadas" também brilhou como um dos itens que mais caros ficaram até março: aqui a subida média de preços rondou os 4%.
Destaque ainda para as rendas de casa ("rendas efetivas pagas por inquilinos"), que aumentaram de preço cerca de 3,3%. Os jornais e revistas também aparecem entre os 12 produtos que mais encareceram (inflação de 3%).
Mas para chegar a uma inflação zero em Portugal, o INE mostra que o custo de muitos produtos e serviços simplesmente afundou. O preço médio dos livros caiu quase 48%, os equipamentos de som e imagem ficaram 15% mais baratos.
Descidas
Combustíveis
O INE destaca uma quebra de 5,4% em março nos "combustíveis e lubrificantes para equipamento para transporte pessoal".
Petróleo
A forte quebra na procura e nos preços do petróleo por causa da pandemia do coronavírus e do conflito entre a Rússia e a Arábia Saudita arrastou a inflação portuguesa para 0% em março, mas com a quase total paralisação da maior parte das economias pelo Mundo fora é expectável que o custo do petróleo não dispare.
Transportes e Lazer
INE diz que classes dos transportes e lazer, recreação e cultura registaram variações de -1,6% e -2%, respetivamente.