A associação Vale d'Ouro propõe linha de Trás-os-Montes até 250 km/h para comboio voltar a Vila Real e a Bragança em 20 minutos.
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A cidade do Porto poderá ficar a menos de uma hora e 15 minutos de Bragança através de um comboio de alta velocidade. A linha de Trás-os-Montes é proposta pela Associação Vale d"Ouro, que estudou um novo corredor ferroviário para o Norte do país e com ligação até Madrid.
A partir da futura estação de alta velocidade do Aeroporto Sá Carneiro, a linha prevê paragens em Paços de Ferreira, Amarante, Vila Real, Alijó/Murça, Mirandela, Macedo de Cavaleiros e Bragança. Os comboios de passageiros poderão circular até 250 km/h em boa parte da linha.
Com extensão de 265 quilómetros, o troço terminará em Otero de Bodas, na região de Zamora, permitindo o acesso à rede de alta velocidade espanhola na linha Madrid-Galiza. Está prevista a construção de 22 túneis e de 40 viadutos e pontes.
Contando com contingências, o custo máximo estimado da obra é de 4,15 mil milhões de euros, mas poderá ser inferior conforme o projeto apresentado.
Solução inclui cargas
O projeto prevê que possam circular, no mínimo, 50 comboios por dia - 25 por sentido -, para serviço regional, intercidades, alta velocidade e de transporte de mercadorias.
Além de aproximar a população do Douro, a nova linha também quer atrair as indústrias para a região.
O Porto pode tornar-se a "porta de entrada da Fachada Atlântica na Península Ibérica, e reforçar o peso económico do Noroeste Peninsular no contexto europeu", aponta o estudo.
De uma só vez, o novo troço pode servir o Porto de Leixões, Aeroporto Sá Carneiro e os terminais ferroviários de São Martinho do Campo e de Lousado (já em construção).
Os comboios de mercadorias poderão circular constantemente à velocidade máxima de 120 km/h. Ao transportarem mais carga e mais depressa, as empresas de logística poderão poluir menos na comparação com o camião e o navio, e ainda reduzirem despesas.
Operação em 20 anos
Perspetiva-se que sejam necessários 20 anos entre o estudo e a entrada em operação da linha, até 2040.
A Associação Vale d"Ouro acredita que o prazo pode ser reduzido, "com a experiência adquirida na construção da rede de autoestradas em tempos recorde, com padrões de qualidade elevadíssimos". Igual desejo é manifestado pelos autarcas ontem ouvidos pelo JN.
"É necessário que se trabalhe rapidamente para não estar a dizer que vamos ter comboio daqui a 20 anos", destacou Hernâni Dias, o social-democrata de Bragança.
De Macedo de Cavaleiros, o socialista Benjamim Rodrigues expressa que a linha ferroviária tenha um prazo "mais curto", pois "é muito importante".
Ligações Regionais
Além de aproximar o Porto de Bragança, a nova linha pode pôr a Invicta a menos de 45 minutos de Vila Real. Para o autarca Rui Santos (PS), "a concretização deste projeto é a prova que a administração central, deste ou outro Governo, tem interesse genuíno pelo desenvolvimento do interior do país".
O próprio estudo lembra que é possível ligar o novo traçado à Linha do Minho, ao Douro e à futura linha do Vale do Sousa, que deverá ser construída até 2030.
Em Mirandela, Júlia Rodrigues (PS) antecipa que o troço será "fator determinante para captar e fixar pessoas na região". José Paredes (PSD), de Alijó, também acredita que a linha "seria uma forma de desenvolver a região".
Em Murça, Mário Artur Lopes acredita que "se o Governo coloca um projeto destes em cima da mesa é porque tem intenção de o executar".
Custos
Pacote completo
Se toda a linha for construída com duas vias, o custo total da obra será de 4,147 mil milhões de euros.
Solução intermédia
Com via única de circulação, mais túneis, pontes, viadutos e plataformas em via dupla, a obra custa 3,778 mil milhões. Para completar a obra, o orçamento sobe para 4,187 mil milhões.
Solução mais barata
Com via única de circulação, túneis, pontes e viadutos as plataformas em via dupla, a obra custa 3,438 mil milhões. Para duplicar, verba sobe para 4,326 mil milhões.