A TAP vai retomar a atividade - interrompida pela pandemia da Covid-19 - com 71 rotas a partir do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, e com apenas três com partida do Aeroporto Francisco Sá Carneiro.
O Porto terá, aliás, somente mais um voo do que o previsto para o aeroporto de Ponta Delgada, nos Açores. A disparidade no número de rotas verificada nas infraestruturas aeroportuárias de Lisboa e Porto vai ao encontro, soube o JN, de um documento elaborado pelos responsáveis da companhia aérea portuguesa que define, para este ano, uma redução de 63% dos voos com origem no Sá Carneiro.
Tal plano comprova os receios evidenciados, ao longo dos últimos dias, por Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, e Nuno Botelho, líder da Associação Comercial do Porto.
Reservas disponíveis
A informação foi revelada, na quinta-feira, por dois sites especializados. A Presstur, uma agência de notícias sobre viagens e turismo, avançou que a TAP "já tem nos sistemas de reservas um calendário de "desconfinamento" das suas operações entre 18 de maio e 4 de julho". Um plano que, confirma a routesonline, inclui 71 rotas a partir de Lisboa, entre as quais as que ligam a capital portuguesa a Nova Jérsia (Estados Unidos), a São Vicente (Cabo Verde), a Belo Horizonte (Brasil) ou a Toronto (Canadá).
Já os voos a partir do Porto chegarão unicamente a três destinos: Funchal, Londres (Inglaterra) e Paris (França). O Aeroporto Francisco Sá Carneiro disponibilizará, nos próximos três meses, apenas mais uma rota do que o aeroporto de Ponta Delgada, de onde partirão aviões para Boston (Estados Unidos) e Toronto.
Ponte aérea mais curta
Um documento elaborado pelas responsáveis da TAP já previa uma retoma menos expressiva do aeroporto do Porto, comparativamente ao de Lisboa. Nessa projeção, apurou o JN, os 16 destinos que vigoraram em 2019 passavam a seis em 2020. O que significa uma redução de 63% no número de voos com origem no Porto. Onze cidades, entre as quais Madrid, Munique, Geneve, Luxemburgo ou São Paulo, deixam de ter ligação aérea direta com o Porto. Já os voos entre Porto e Funchal sofrem redução de 50%. E se, no ano passado, havia sete voos semanais para Nova Iorque a partir do Sá Carneiro, agora a viagem apenas será possível em três dias por semana.
Também a ponte aérea entre Porto e Lisboa deverá sofrer uma quebra de quase 50%, ficando com sete voos diários em vez dos 13 que se registavam em 2019. E só em novembro é que as ligações a Paris e a Londres voltarão aos valores anteriores à crise provocada pela pandemia de Covid-19 que encerrou os aeroportos.
Confrontada pelo JN, a TAP não respondeu às questões colocadas. O mesmo fez o Ministério das Infraestruturas e da Habitação.
O autarca portuense Rui Moreira também preferiu esperar pelo anúncio oficial destes dados, mas Nuno Botelho refere que, "a confirmarem-se, eles vão ao encontro às suspeitas que já tinha". "É uma preocupação", assume, relativamente ao tratamento dado ao Norte.
Madrid riscada
A TAP mantinha 21 voos semanais para Madrid a partir do Porto. Este ano não deverá haver nenhuma ligação.
Barcelona é aposta
A TAP irá voar três vezes por dia de Lisboa para Barcelona. Este destino é, a seguir ao Porto, o que tem mais ligações a partir do Aeroporto Humberto Delgado.
Apoio do Estado
Miguel Frasquilho, chairman do grupo TAP, indicou que a empresa pediu apoio e benefícios fiscais extraordinários por 12 meses ao Estado.
Salvar a TAP
"Sem intervenção pública, a TAP não tem qualquer possibilidade de sobreviver. A nossa missão será salvar a TAP e não um acionista em particular", defendeu o ministro Pedro Nuno Santos.