<p>"Minhas amigas e meus amigos, foi desta vez: dois dígitos!" O CDS chegou ao pódio e Paulo Portas não tem dúvidas: "Passamos a ser o terceiro partido, temos mais de 10%, a partir de hoje, passamos a discutir outro campeonato".</p>
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"Não é o fim da linha, é apenas o princípio de um caminho que vai demorar algum tempo para que haja, em Portugal, um grande partido não socialista, frontal, directo e corajoso", afirmou Paulo Portas, perante um auditório a rebentar pelas costuras. "Este resultado é a remuneração do esforço, a compensação da clareza e a vitória do bom senso em Portugal", sublinhou, exaltando o facto do CDS ter ficado à frente de CDU e BE, a "Esquerda radical".
"Ao longo da campanha definimos cinco objectivos. Os que dependiam de nós foram todos cumpridos", declarou, referindo-se à retirada da maioria absoluta ao PS, a subida em relação às últimas eleições, a chegada ao terceiro lugar e a obtenção de um resultado com dois dígitos. "Em 2005 pedimos e não obtivemos. Desta vez, não pedimos e obtivemos. Esta lição de humildade não deve ser esquecida", acrescentou Portas.
O único objectivo que ficou por atingir, prendeu-se com o desejo de que PSD e CDS juntos tivessem pelo menos mais um deputado do que as esquerdas todas juntas. "Nós fizemos a nossa parte".
"O povo tirou a maioria a José Sócrates!", assinalou o líder do CDS, arrancando uma enorme salva de palmas da assistência. As mesmas palmas, demoradas, efusivas, que o receberam quando entrou na sala para fazer a declaração. Foi o último dos líderes a reagir aos resultados eleitorais. "Este é o melhor resultado do CDS nos últimos 26 anos!". Nova ovação. "Foi dado um sinal claro: Portugal tem direito a uma política de soluções e não de publicidade. A forma de governar terá de mudar radicalmente", continuou o líder do CDS, insistindo que o "rolo compressor da maioria absoluta" deve dar lugar a um "espírito de negociação".
Portas ainda foi ver a sessão da meia-noite
Se João Rebelo abrisse mais o sorriso corria o risco de arranjar uma lesão nos maxilares. A expressão do director de campanha do CDS, o homem que conseguiu pôr Paulo Portas a cumprir horários - o líder cujos atrasos são marca registada conseguiu chegar adiantado em algumas acções da campanha! - sintetizava, na perfeição, o ambiente na sede do CDS. O trabalho, trabalho, trabalho de Portas transformou-se em festa, festa, festa. Cada deputado eleito era saudado com uma valente salva de palmas. E cânticos ao melhor estilo das claques de futebol. Ainda as urnas não tinham encerrado e já se respirava optimismo. A confirmação do terceiro lugar fez transbordar a alegria, que se libertou no Largo de Adelino Amaro da Costa, o Largo do Caldas. A conquista de deputados em Coimbra, Faro e Madeira - três redutos complicados para o CDS - aumentou as comemorações.
À medida que as horas passavam, que o terceiro lugar passava de esperança a certeza, a sede do partido foi-se enchendo. E se as conquistas do CDS eram saudadas com palmas, as intervenções dos adversários mereciam ruidosas vaias, designadamente José Sócrates e Francisco Louçã. "Vai trabalhar! Admite que perdeste", contestou um militante centrista, quando o líder do Bloco fazia a sua declaração na televisão.
"Fez-se luz no Largo do Caldas!", exclamava um sorridente militante, depois das 20 horas, uma vez conhecidas as sondagens. Fez-se luz e muita, para animar os festejos. Quando se apagaram, Portas já estaria no escuro do cinema, na sessão da meia-noite.