
Comer bem, conhecer uma cultura sem igual e ainda passear pela natureza é algo que se procura sempre que se faz uma pesquisa pelo destino de férias ideal.
Aprender a reorganizar a vida foi uma das lições tiradas por muitos portugueses durante esta pandemia. A escolha do local de férias passa, inevitavelmente, por essa transformação, quer pelo desaconselho das idas para o estrangeiro por parte das autoridades de saúde, quer também pelo facto de se procurar uma energia diferente este verão.
Contudo, há muitos locais no norte do País que merecem a sua atenção, quer pela gastronomia maravilhosa, pelas paisagens de cortar a respiração ou pela cultura riquíssima que em tanto engrandece Portugal.
Um desses locais, claro está, é Miranda do Douro. A primeira coisa que se pode recordar desta região é a famosa língua Mirandesa ou, se aperta a fome, a Posta à Mirandesa. No entanto há muito mais a descobrir.
Um nome com a grandiosidade de um rio
Falar da região de Miranda do Douro é falar, de forma incontornável, do rio que habita o seu nome e as suas terras. O percurso ziguezagueante e as arribas que marcam de forma indelével a topografia da zona são de uma beleza para a qual as palavras não são suficientes. É preciso ir lá, ver e partilhar a incrível experiência proporcionada pelo Parque Natural do Douro Internacional, também chamado, carinhosamente, por Arribas do Douro. Seja a pé nos trilhos que atravessam a área verde protegida, ou a navegar as águas do rio Douro em barcos que são praticamente uma "sala de aulas" para as temáticas ambientais, as Arribas do Douro convidam a conhecer a sua enorme biodiversidade. Não se admire se der por si de braços abertos a tentar abraçar a grandiosidade da paisagem, ou a tentar imitar uma das majestosas águias que dominam aqueles céus.
Mirandês: a chave de um mundo a descobrir
Apesar de já não ser tão comum ouvir falar mirandês pelas ruas da cidade, pode encontrar ainda a toponímia em mirandês, diante dos monumentos mais emblemáticos, deixando viva uma língua ainda tão sua. Para além de ser imagem de marca e uma parte da identidade da cidade, é igualmente falada por aqueles que saem das zonas rurais para procurar a área urbana. Dominar esta língua é ter um acesso a um património sem fim, enriquecendo a vida e abrindo portas à perceção geral desta região.
Para celebrar uma língua cheia de vida, celebra-se no dia 17 de setembro o Dia Oficial da Língua Mirandesa, aludindo à data em que foi considerada como língua de Portugal pela Assembleia da República. Esta é uma forma de homenagear todos aqueles que usam a língua mirandesa em livros ou no seu quotidiano.
Miranda conquista pelo estômago
Os saberes seculares não se resumem à língua, mas também à gastronomia. Com pratos regionais de fazer salivar qualquer um, Miranda do Douro oferece diversidade na hora de sentar à mesa. Da já conhecida Posta à Mirandesa à Bola Doce, passando por um bom vinho da região, há muito para provar em Miranda do Douro.
Basta preparar-se para os condimentos regionais, os sabores intensos de produtos regionais e, claro está, o telemóvel para tirar fotografias aos pratos mais apetecíveis, para fazer inveja a qualquer um. As melhores conversas têm-se de volta de uma boa mesa e esta de certeza que fará as delícias de qualquer um. Até porque fazer inveja com um cabrito assado na brasa nunca fez mal a ninguém.
Da tradição do comer à cultura do saber
O artesanato liga o passado ao presente. Para além de uma arquitetura ímpar, em Miranda do Douro pode aproveitar para ver obras na pedra, madeira, de ferro, lã, linho e couro, prata e de ouro. O artesanato é então uma herança bem presente, onde está gravada a identidade e personalidade de Miranda do Douro e que perdura no tempo graças às gentes do concelho.
Também em Miranda e no Planalto Mirandês celebram-se os ritualismos, as festas solsticiais de inverno. A dança dos Pauliteiros não é exceção e é já tradição pelas aldeias do concelho de Miranda do Douro. Esta é composta por oito rapazes e três músicos - gaita-de-foles, caixa e bombo - que executam um peditório logo pela manhã (começam às 6h00) após a alvorada dos gaiteiros, dançando em frente às igrejas e capelas e rezando em frente das casas que estão de luto. Tendo como principais elementos o lhaço para partir os paus, a Bicha, em que se utilizam exclusivamente as castanholas e o salto do castelo, onde um pauliteiro salta por cima de uma torre humana, os Pauliteiros acabam por realizar um espetáculo que merece ser visto e revisto.
Ainda na área musical podem-se encontrar a flauta pastoril que faz conjunto com o tamboril, que se podem ouvir mais no acompanhamento vocal e às danças mistas.
Rural e especial
E porque não podemos esquecer o bem que a natureza faz, ao visitar os locais mais rurais de Miranda do Douro pode encontrar um vasto leque agrícola ligado à vinha e à olivicultura. No entanto, este concelho é rico também em pastagens naturais - os "lameiros" - que com as suas condições naturais criam o ambiente perfeito para as raças autóctones, como a raça bovina mirandesa, a raça churra galega mirandesa, a raça asinina mirandesa e, claro está, o cão de gado transmontano.
Muitos são então os motivos para visitar Miranda do Douro. Mais do que descansar, vai poder conhecer o que tão bem representa o interior norte de Portugal, desejando sempre voltar. Este é o verdadeiro passeio lá fora - de tanta riqueza que tem - cá dentro.
