Jovens atletas de elite procuram equilibrar o rendimento desportivo com um bom desempenho nos estudos, o que obriga a um quotidiano muito regrado.
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Estar no desporto de alta competição pressupõe um enorme esforço individual marcado frequentemente por regras, rotinas e obrigações rígidas. Quando a isto se junta o ingresso no Ensino Superior, a disciplina exigida ainda é maior, não sendo por vezes fácil conjugar as duas vertentes. Na nona edição do "Conversas por Boas Causas", que resulta de uma parceria entre TSF, "Jornal de Notícias" e Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), a relação do desporto e da educação esteve em evidência.
Mariana Machado, uma jovem praticante de atletismo e estudante de Medicina, reconhece a dificuldade de conciliar não só a atividade desportiva com as tarefas académicas como com, mais tarde, uma vida laboral. "Se queremos ter a nossa melhor versão enquanto atletas, é incompatível assumirmos também a melhor versão enquanto estudantes ou médicos porque somos seres humanos e o dia tem só 24 horas", afirmou a jovem, destacando a importância de, dentro do possível, "manter um plano B" centrado nos estudos porque "o atletismo tem um prazo de validade".
Um ponto de vista idêntico é partilhado também por Maria Inês Barros, que faz tiro com armas de caça e estuda Medicina Veterinária. "Não conseguimos ter tudo o que queremos e é preciso gerir bem o tempo e ter noção das prioridades", comentou. Em termos práticos, tal como a própria esclarece, isto reflete-se num padrão de vida regrado e bem diferente do da maioria dos jovens: "Treino de manhã e tenho aulas à tarde ou vice-versa; no período da noite, ou estudo ou aproveito para treinar a parte física. O tempo lúdico tem de ser muito bem planeado para não atrapalhar o resto". Outro ponto em que as duas jovens convergem é na necessidade de conceder mais apoios aos jovens desportistas e de diversificar a aposta em diferentes modalidades. Até porque, como explica Mariana Machado, "Cristiano Ronaldo existe um no meio de milhões, mas podemos ter mais alguns atletas como Nelson Évora, Naide Gomes ou Jéssica Augusto".
À lupa
Estudantes atletas
Segundo a Federação Académica de Desporto Universitário, em 2021 havia 7565 estudantes atletas inscritos em 46 modalidades.
Quadro legal
Estatuto do Estudante Atleta do Ensino Superior, criado em 2019, visa melhorar a conciliação dos estudos com o desporto.
Bolsas da Santa Casa
Desde 2003 que a Santa Casa tem um programa de atribuição de bolsas para jovens atletas que estudam.
Mais atletas
Em 2022, o número de desportistas federados em Portugal (690 mil ao todo) superou o de antes da pandemia.
Exemplos felizes
Momiji Nishiya e Rayssa Leal ganharam, com 13 anos, as medalhas de ouro e prata em street feminino, nas últimas olimpíadas.