Iniciativa representa um investimento municipal de 30 mil euros por ano e os resultados não podiam ser mais positivos
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Desde a sua criação, há 17 anos, o projeto educativo Divertir com o Saber já dedicou a aprendizagem e o gosto pela matemática a mais de três mil crianças residentes no parque habitacional social de Gaia, que frequentam o pré-escolar, 1.º, 2.º e 3.º ciclos do ensino básico, assim como a cerca de mil que participam nas aulas de xadrez introduzidas há cerca de sete anos.
Trata-se de um exemplo de sucesso das políticas sociais educativas implementadas pelo Município de Gaia, criado com o objetivo de permitir a (re)descoberta de saberes de âmbito interdisciplinar. O projeto proporciona a estas crianças o acesso a espaços alternativos de aprendizagem, com enfoque na área da matemática, disciplina em que manifestam particulares dificuldades de assimilação, permitindo minimizar esses obstáculos, ajudando também as famílias que não possuem recursos financeiros para recorrer a centros de estudo e de explicações.
O Divertir com o Saber representa um investimento municipal de 30 mil euros anuais e implica o envolvimento de diferentes agentes, nomeadamente o acompanhamento sistemático pelos técnicos de apoio social da Gaiurb, responsáveis pela gestão dos empreendimentos sociais onde as crianças residem, em articulação com as famílias e a escola. Os resultados deste projeto não poderiam ser mais positivos: "Eu tinha muitas dificuldades em matemática e não sabia fazer cálculos. Entrei para o Divertir, fiz novos amigos, adquiri mais conhecimentos e agora sou uma aluna de "muito bom" em matemática", relata Irina Santos, de nove anos de idade, orgulhosa da sua evolução escolar, fã incondicional do projeto e da professora Maria Santos.
"Este projeto é muito gratificante, em termos pessoais e profissionais", afirma Maria Santos, professora no «Divertir» há cerca de sete anos, sendo simultaneamente docente dos 1.º e 2.º ciclos num colégio privado. "É muito bom em vários aspetos, desde a aprendizagem de regras de bom comportamento e de respeito pelos outros, até à compreensão e ao gosto pela matemática", acrescenta. Maria Santos é uma das sete professoras do ensino básico envolvidas neste projeto inovador que ensina matemática de forma divertida, com uma "forte aposta na componente lúdica, através de tarefas diversificadas, em que as aulas são planificadas de acordo com os interesses das crianças", explica.
A implementação da aprendizagem do xadrez a pretexto da matemática tem contribuído para a melhoria da concentração e do cálculo mental das crianças.
"Há alturas em que é duro, uma vez que há muitas histórias difíceis, vidas complicadas, mas os afetos intrínsecos ao projeto são uma grande ferramenta para ajudar, também, nestas vertentes mais pessoais das crianças e das próprias famílias", acrescenta Maria Santos, para quem "o Divertir não pode acabar".
Xadrez acrescenta valor
A implementação da aprendizagem do xadrez a pretexto da matemática tem contribuído para a melhoria da concentração e do cálculo mental das crianças. De salientar que, graças à prática desta modalidade, dez crianças inscreveram-se na Federação Portuguesa de Xadrez e competiram em diversos torneios distritais e nacionais.
O projeto visa proporcionar melhores resultados ao nível do desenvolvimento cognitivo, da estimulação da concentração e da memorização, da educação social e desportiva, da cultura e ampliação de conhecimentos, do desenvolvimento pessoal, social e da formação de caráter.
Na verdade, segundo Edgar Taveira, monitor desta modalidade, a aprendizagem das regras, normas e técnicas de concentração "faz com que estas crianças levem lá para fora o que têm cá dentro", ou seja, "o foco está no que representa a modalidade, cuja aprendizagem se baseia nos afetos, permitindo associar a competição à conduta na vida social".