Não fechar as portas do mercado de trabalho aos cidadãos com deficiência
Realidade na Europa mostra um cenário alarmante de exclusão laboral neste grupo de pessoas. Em Portugal a situação também preocupa.
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Segundo dados da União Europeia, mais de metade dos cidadãos portadores de deficiência dizem sentir-se discriminados em várias matérias, sendo o acesso ao mercado de trabalho um dos pontos críticos apontados. No caso específico de Portugal, há também um longo caminho a percorrer, no sentido de garantir mais e melhores oportunidades profissionais a estas pessoas. A conclusão saiu da penúltima edição do "Conversas por Boas Causas", uma iniciativa da responsabilidade da TSF, do "Jornal de Notícias" e da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML).
Vanda Nunes, diretora da Valor T, uma plataforma da SCML que tem a seu cargo o tema da empregabilidade em pessoas deficientes, afirma já lhe terem chegado "várias cartas de jovens licenciados que contam que quando se candidatam a um emprego e afirmam ter uma deficiência, muitas vezes nem sequer são chamados para serem conhecidos". Por outro lado, acrescenta a responsável, no caso da deficiência não ser revelada logo na candidatura e verificada apenas pelas próprias entidades empregadoras já na fase de entrevista, estas "dizem-lhes que não possuem experiência profissional".
No entender de António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), é preciso "transformar mentalidades, posturas e metodologias", até porque, refere, "o facto de se ter uma falha motora não impede a execução de determinados trabalhos". Ainda assim, o líder da CIP sustenta que "existe, hoje, uma maior consciencialização para este problema e que os patrões em particular estão a dar-lhe resposta, apesar do muito que há a ser feito".
Sobre a imposição legal de quotas para pessoas com deficiência nas empresas, António Saraiva manifesta-se de acordo com a medida, considerando mesmo que "são estes aceleradores de regras e práticas que fazem com que a sociedade caminhe de forma mais rápida". Também Vanda Nunes se mostra satisfeita, mas salienta que o importante é "sabermos coletivamente tirar proveito daquilo que esta lei traduz".
Desemprego europeu e nacional
Metade das pessoas com deficiência na Europa está desempregada. Em Portugal, só 25% das inscritas no IEFP conseguiram trabalho.
Pobreza e exclusão
Um em cada quatro portugueses portadores de deficiência encontra-se em risco de pobreza e exclusão social.
Valor T
Plataforma da Santa Casa tem já 150 empresas registadas e parte delas encontra-se em processo de recrutamento.
Auxílio do PRR
Fundos europeus garantem 465 milhões de euros em respostas sociais, estando aqui englobados os deficientes.