O estado da saúde oral em Portugal é bom em termos de oferta, já a procura encontra-se ainda muito dependente dos recursos financeiros de cada cidadão. Esta foi a ideia central a reter da primeira edição da rubrica "Conversas por boas causas", que resulta de uma parceria entre a TSF, o "Jornal de Notícias" e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
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"Do ponto de vista da prestação de serviços, a saúde oral no nosso país é boa porque a oferta é variada. A procura é, contudo, muito condicionada pelo fator económico e para isso contribui a ausência grande de serviço público e também haver poucas instituições de prestação de serviços sociais a colaborar nesta área", explicou Francisco Salvado, diretor do serviço de estomatologia do Hospital de Santa Maria.
Na mesma linha, André Brandão de Almeida, diretor do Serviço Odontopediátrico da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, considerou que "o acesso à saúde oral é extremamente limitado" e deixou alguns dados elucidativos sobre a realidade existente, em particular nas faixas etárias mais baixas: "Segundo o barómetro de saúde oral de 2021 da Ordem dos Médicos Dentistas, 30% das pessoas não vão ao dentista; no caso das crianças, 73% nunca foram a um dentista até aos 6 anos de idade".
Para resolver o défice ao nível de serviço público neste campo, Francisco Salvado defendeu ser precisa "vontade política". Além disso, acrescentou o médico, é necessário focar a ação em três pontos: "um investimento rentável; uma boa integração, de forma a que todos os prestadores de saúde percebam a importância do tema; e, por fim, uma avaliação desburocratizada" que permita uma leitura profunda do estado deste ramo.
Já André Brandão de Almeida afirmou que "inscrever uma verba para este efeito no Orçamento do Estado seria um grande passo". No entanto, segundo o próprio informou, "alguns centros de saúde estão a receber equipamentos de saúde oral", o que é uma notícia positiva, apesar de, como também salientou, "ser preciso fazer ainda mais coisas".
Cinco detalhes
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