Efeitos da pandemia - que ainda não acabou - não se reduzem, porém, ao tema sanitário, existindo também um impacto preocupante em termos sociais.
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A covid-19 teve repercussões enormes sob os mais variados prismas e se, a determinada altura, o regresso ao quotidiano pré-pandémico parecia uma miragem, as vacinas vieram abrir caminho a uma nova normalidade, muito idêntica à de antes. Mas quererá isto dizer que a pandemia já terminou? E que implicações sociais tiveram as duras medidas tomadas para a combater? A sétima edição das "Conversas por Boas Causas", organizadas por TSF, Jornal de Notícias e Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), olhou de forma abrangente para esta temática complexa.
Para Henrique Barros, médico e professor no Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, "a pandemia ainda não acabou e não é por não usarmos as máscaras que ela despareceu". Ela só desaparecerá, esclarece, "quando houver um momento em que os casos vão quase dissipar-se e a doença ou desaparece ou permanecerá entre nós de uma forma endémica". Por agora, contudo, o especialista defende que "a vacina é a arma fundamental que temos para nos proteger".
Já Jorge Torgal, médico e diretor da Escola Superior de Saúde do Alcoitão da SCML, chama a atenção para "um outro plano da pandemia que veio evidenciar que a doença e a sociedade são dois campos inseparáveis". Isto porque, sustenta o médico, "para lá da fragilidade física há também o problema da fragilidade social que, muitas vezes, se sobrepõe à parte física". Algo que, considera Jorge Torgal, "não foi tido em conta como deveria ter sido" pelo Ministério da Saúde.
Sobre a recente decisão do Governo de exigir um teste à covid aos passageiros de voos provenientes da China, tanto Jorge Torgal como Henrique Barros concordam que se trata de uma medida pouco eficaz. "É uma ação com uma fundamentação política e que tem o objetivo de tranquilizar os cidadãos", afirmou Jorge Torgal. "Os governos tomam atitudes que vão no sentido das preocupações das pessoas, mesmo que essas atitudes não sejam as mais avisadas do ponto de vista da racionalidade científica", comentou Henrique Barros.v
Milhões de óbitos
Até agora, a pandemia de covid-19 foi responsável por quase 7 milhões de mortes em todo o Mundo.
Vacinação global
Foram já administradas mais 13 mil milhões de doses de vacinas contra o novo coronavírus, a nível mundial.
Covid zero
Segundo a Human Rights Watch, a China foi um dos países onde a repressão mais cresceu devido às políticas de combate à pandemia.
Pobreza registou uma subida
No primeiro ano da pandemia, em 2020, a pobreza em Portugal aumentou 12,5% face a 2019, revelou a Pordata.
Perda de aprendizagem
48% dos professores previram ser necessários dois ou mais períodos para repor atrasos de aprendizagem nos confinamentos.