O enólogo Luís Cerdeira juntou-se ao filho Manuel e a Carolina Osorio numa aventura chamadaVinevinu. A magia acontece em Requião,Vila Nova de Famalicão, e tem como objetode devoção a casta Alvarinho.
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A primeira vez que Luís Cerdeira visitou as vinhas da Casa de Compostela sentiu uma aragem vinda do mar. “Foi o que me agradou e me fez alugar este espaço”, diz o enólogo, que o ano passado deu início a um novo projeto, com o filho Manuel, ao qual se juntou também Carolina Osorio. Vinevinu propõe-se a explorar a casta Alvarinho tanto ali, no terroir de influência marítima – em Requião, Famalicão – como em Melgaço, com vinhas de montanha.
O projeto arrancou o ano passado, pouco depois de Luís Cerdeira ter abandonado a Soalheiro, empresa de família criada pelo pai, em 1982. João Cerdeira, foi, de resto, pioneiro na plantação de vinha Alvarinho em parcela contínua e não na bordadura de outros cultivos, como acontecia em Melgaço e um pouco por todo o Minho.
Luís, que acabou por se formar em enologia na UTAD nos anos 1990, assumiu-se como o enólogo da casa, ficando responsável pela gestão e enologia da marca durante 22 anos. Também foi o responsável pelo Laboratório e pela Câmara de Provas da CVR Vinhos Verdes. Mas no ano passado, tudo mudou. O enólogo deixou tudo para trás – menos a casta Alvarinho – para se dedicar a um projeto por si desenhado, de raiz, com o filho Manuel, também enólogo, recentemente formado no Plumpton College, em Inglaterra.
Conhecedor profundo da casta Alvarinho, continua a explorar a sua versatilidade, tanto em monovarietais como em blends. Das vinhas de Requião, que estarão ao seu cuidado nas próximas duas décadas, saiu já o vinho Almanua. É um Alvarinho trabalhado com algumas castas minoritárias e com fermentação em inox e madeira. O outro Alvarinho é o Génese, também recentemente lançado, um monocasta de Melgaço, com algum estágio em madeira, nas experimentais barricas Mixtus.
Inovação e respeito
Inovação na adega e uma viticultura de respeito são caraterísticas da Vinevinu. A dupla continua a estudar as vinhas de Requião para poder tirar o maior proveito delas. “Isto é um novo terroir para nós, ainda estamos a perceber como funcionam as parcelas. Queremos garantir a longevidade das plantas, algumas delas já com mais de 25 anos”, diz Luís. Esta viticultura de respeito evita, por exemplo, podas agressivas que possam danificar a planta a longo prazo.
Uma parcela peculiar é de Maria Gomes (casta também conhecida como Fernão Pires). “Esta parcela tem sempre baixo teor de açúcar, não sabemos porquê, talvez seja do clone utilizado…”
Na adega, joia arquitetónica dos anos 1970 desenhada por Januário Godinho, também alugada à Casa de Compostela e mesmo ao lado das vinhas, experimentam-se várias vinificações e estágios apostando nas barricas Mixtus, produzidas com dois tipos de madeira, projeto da própria Vinevinu.
Além do Génese e do Almanua, saíram já para o mercado o Guri, vinho leve e adocicado feito com Alvarinho e Loureiro. Aqui, a fermentação foi interrompida para conservar a doçura e manter um baixo teor de álcool (8,5%). No outro limite do espectro está o Almanua F. O nome remete para “foudre”, barril de grandes dimensões (2500 litros), neste caso de carvalho francês. É um lote de Alvarinho e Arinto, pensado para envelhecer.
Não tarda, vão sair três espumantes: um de Melgaço, 100% Alvarinho; um rosé marítimo com Alvarinho, Arinto e Espadeiro; e outro de Loureiro e Alvarinho.
Enoturismo abrangente
Carolina Osorio dedica-se à comunicação do projeto, porque a Vinevinu não se quer restringir à produção. É importante a ligação entre produtores e público. Por isso, foi desenhado um projeto de enoturismo abrangente que aposta nesse tipo de experiência. Quem visita, vai às vinhas e à adega. A experiência pode terminar com um almoço feito pelo próprio Luís e o filho na cozinha da adega, onde todos podem ajudar. O arroz de peixe é um dos pratos que mais gostam de preparar. A acompanhar estão os vinhos da casa, incluindo o orange L2252, este apenas disponível no espaço. Em dois sábados de cada mês acontece o dia de Portas Abertas, com visita e prova. Este mês, realiza-se dia 28, entre as 10.30 e as 12.30 horas (entrada livre com inscrições obrigatórias pelo link qrco.de/bg2dhs). Há também a possibilidade de ter uma experiência personalizada, por marcação direta pelo email info@vinevinu.com.
Vinevinu
Alameda do Mosteiro, 84, Requião, Vila Nova de Famalicão
Web: vinevinu.com
Portas Abertas: 28 de junho; entrada livre, inscrição em qrco.de/bg2dhs