Apaixonou-se pelo mundo dos vinhos aos 18, depois de assistir a uma aula de Enologia, e nunca mais parou. Pedro Escoto gosta de contar histórias com aquilo que serve à mesa. Aos 26 anos, o escansão do estrelado Feitoria acaba de ser eleito o Melhor Jovem Sommelier de Portugal 2025. Em setembro, representa-nos lá fora.
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Tem sido um bom arranque de junho para Pedro Escoto, que na mesma semana em que completou 26 anos, se sagrou vencedor da final nacional do prestigiado Concurso Jovem Sommelier da Chaîne des Rôtisseurs Portugal 2025, garantindo o lugar como representante de Portugal na final internacional desta competição, promovida pela associação gastronómica que lhe dá nome, a ter lugar em setembro em Genebra, na Suíça. “Esta vitória soube muito bem. No ano passado, fiquei em segundo lugar, o que é bastante bom, mas tinha o desejo de voltar e fazer melhor. Desta vez, foi feito. Estou muito contente”, explica o vencedor do título Melhor Jovem Sommelier de Portugal 2025.
Para o alcançar, o escansão do Feitoria, restaurante detentor de uma estrela Michelin inserido no Altis Belém Hotel & Spa, passou com distinção numa série de desafios na final, desde provas cegas, testes teóricos, identificação de sub-regiões vínicas em mapas, execução de serviços de mesa, sugestões de harmonizações ou identificação de erros em cartas.
Nasceu em Lisboa, vive na Margem Sul e formou-se em Gestão de Restauração e Bebidas na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa, até que uma aula de Enologia o fez despertar para o mundo dos vinhos, aos 18 anos. Passou por espaços estrelados da capital como o Alma, o Eleven e o Kabuki, até se tornar sommelier do Feitoria, liderado pelo chef André Cruz, sendo responsável por uma garrafeira que soma mais de 600 referências, de 15 países. “A exigência já é algo natural para nós [no Feitoria]. Há sempre vontade de fazer melhor, senão estagnamos, relaxamos. Gosto de estar atualizado, de ler todos os dias, de estudar meia hora por dia”, conta Pedro, que já no ano passado venceu o prémio Escansão do Ano nos Prémios Mesa Marcada.
No Michelin de Belém, Escoto tenta ter vinhos ecléticos. “Gosto muito dos clássicos, os Borgonhas, os Bordéus, as casas de champanhe, coisas bem cimentadas no mercado. Mas também gosto de dar ênfase aos pequenos produtores, a criações mais artesanais e familiares, mais exclusivas à restauração, que estarão menos à vista das pessoas”, conta o jovem, que atualmente tem preferência pessoal por vinhos “com acidez, tensão, frescura”.
É um claro apaixonado pelo que faz, até pelas muitas valências que implicam a função de um sommelier, muito além da direta harmonização entre o prato e o vinho certos. “A hospitalidade é o ponto base. Contamos histórias, desmistificamos o que é o vinho para o levar a toda a gente. Muitas pessoas acham que o vinho é um pouco assustador, pelos termos técnicos associados. Tento fazer o contrário. Um sommelier é um tradutor do vinho. Quero que o percebam e se sintam bem a prová-lo”, afirma.
O “orgulho” do chef do Feitoria
André Cruz, à frente do Feitoria há três anos, explica que “é um enorme orgulho ver o Pedro ser reconhecido desta forma. Este prémio é o reflexo da sua dedicação, do seu rigor e da sua paixão pelo vinho. É também um momento de celebração para toda a equipa”, conta o chef, que no restaurante de Belém apresenta o seu menu de degustação Semente, um maior e outro menor, ambos declináveis em versões vegetarianas.
Feitoria
Altis Belém Hotel & Spa, Doca do Bom Sucesso, Lisboa
Tel.: 210400200
Web: restaurantefeitoria.com
Das 19h às 22h30, de terça a sábado.
Preço: menus de degustação desde 160 euros (ou desde 140, vegetariano), sem vinhos.