Na Norcha Adventure Race o lema é ultrapassar obstáculos e superar os limites de cada um. A expedição competitiva começou esta quinta-feira, em Vila Real, e até domingo promete muita adrenalina no inigualável mosaico do rio Douro e afluentes.
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"Esta é uma prova de sobrevivência, uma prova única em Portugal", explicava à partida, em Vila Real, Paulo Tavares, um dos poucos participantes nacionais nesta competição de aventura que utiliza o Trekking, Natação e BTT. "Para mim e para a nossa equipa (Fronteiros) o maior desafio é conseguir superar-nos, gerir todo um conjunto de equipamento e alimentação e gerir também o descanso até conseguirmos chegar ao final". A prova representa quatro dias intensos com provas de resistência em diferentes cenários: terra, água e climas variáveis nas quais a capacidade de adaptação e resiliência é posta à prova. Há trabalho físico, mas também psicológico e onde o espírito de equipa é imprescindível para melhor rentabilizar os tempos de prova. Antes da partida das 13 equipas formadas por três ou quatro elementos, a expedição começou por juntar os atletas no centro da cidade transmontana. Na Base de Operações prepararam-se e pesaram-se equipamentos antes de serem entregues à organização que os recolheu e guarda para os distribuir ao longo das 15 etapas que serão feitas até domingo. "Cada equipa tem direito a duas caixas de apoio que podem levar até 25 kg cada uma. Tem direito a levar a caixa da própria bicicleta e tem direito a um saco de água onde são transportados os remos, os coletes salva-vidas e alguns acessórios como a corda de resgate e outros equipamentos de navegação", assinala Pedro Pinto, diretor e mentor da prova. Na véspera da partida, à noite, no Teatro Municipal de Vila Real, decorreu a cerimónia oficial de abertura, um momento simbólico para celebrar o espírito de aventura, superação e partilha que caracteriza a competição.
Os 19 concelhos da Comunidade Intermunicipal do Douro são o palco privilegiado desta iniciativa desportiva e de promoção territorial. As equipas têm aqui, apesar de focadas na competição, a oportunidade de contactar diretamente com o património natural e cultural característico da região.
Primeiros 150 Km no Douro
Neste primeiro dia de aventura, iniciado às 9 horas para todos os participantes, estão a ser percorridos mais de 150 quilómetros entre caminhadas e percursos feitos com bicicleta de montanha. Sendo o trajeto aberto, cada equipa decide quais os itinerários preferidos mediante a interpretação do terreno e a leitura dos mapas da organização. Apenas podem ser usados mapas e bussolas, qualquer equipamento eletrónico de navegação é proibido.
Esta jornada inicial, depois da saída de Vila Real, já passou por Bisalhães, conhecida pelo barro preto e património da UNESCO e entrou no Parque Natural do Alvão, que se mantém relativamente saudável tendo em conta os recentes incêndios. Sem tempo para disfrutar da paisagem duriense e sobretudo de diversas praias fluviais, os atletas seguem na direção de Santa Marta de Penaguião e Mesão Frio. No período da tarde é feito um primeiro percurso de caiaque até à Régua e ao final da tarde têm a caminhada ingreme até ao Alto de São Domingos, onde desfrutarão de um miradouro com uma vista de 360 graus. Posteriormente a organização disponibilizará novamente as bicicletas e será realizado um percurso de BTT que se prolongará durante a noite até às localidades de Sabrosa e Alijó. Alerta a direção da prova que "todo o percurso será realizado sob condições de navegação e segurança adequadas, com atenção especial às condições climáticas e ao estado do terreno, garantindo uma experiência segura e memorável." A participar pelo segundo ano, depois de uma primeira experiência em 2021, Paulo Tavares garante que o ambiente vivido nesta expedição é de grande exigência e antes de aqui chegar foi preciso fazer muita preparação, mas satisfeito exalta o espírito de entreajuda entre os concorrentes.
Contenção de informação é ponto chave
Dosear a informação transmitida aos participantes é uma marca da Norcha Adventure Race com objetivo de adaptar as expectativas dos participantes à aventura. É um modelo singular, mas devidamente testado pela organização que vai revelando o percurso aos poucos. "Não é fácil para nós porque estamos sempre a ser abordados, a ser solicitados para que revelemos mais detalhes, mas acreditamos que esta é a tónica ideal para, em Portugal, no território e na riqueza que temos, não sendo tão selvagem como a África, marcarmos a diferença usando este estilo de contenção de informação", diz Pedro Pinto.