A cimeira da NATO começa esta terça-feira em Vilnius, na Lituânia. Veja a seguir quais os temas que deverão ser mais discutidos no encontro, incluindo a adesão da Suécia à Aliança Atlântica e o futuro do apoio à Ucrânia.
Corpo do artigo
O que ficou decidido sobre a adesão da Suécia?
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou esta segunda-feira o fim do bloqueio à entrada sueca na Organização do Tratado do Atlântico Norte. A Turquia acusava Estocolmo de proteger ativistas curdos considerados terroristas por Ancara.
Após o Governo de Erdogan exigir mais cedo, na véspera da cimeira de Vilnius, a adesão da Turquia à União Europeia (UE) como pré-condição, as negociações com o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, e o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, avançaram. Estocolmo prometeu trabalhar em conjunto com Ancara contra o terrorismo, apoiando também a entrada turca na UE e a melhoria das relações bilaterais com o bloco, inclusive com a liberalização de vistos.
"Concluir a adesão da Suécia à NATO é um passo histórico que beneficia a segurança de todos os aliados da NATO neste momento crítico. Isso torna-nos mais fortes e seguros", declarou Stoltenberg, citado pela agência France-Presse. O Parlamento turco deverá votar em breve a entrada sueca.
E o bloqueio da Hungria contra Estocolmo?
"A nossa posição é clara: o Governo apoia a adesão de Estocolmo à Aliança Atlântica. A conclusão do processo de ratificação é agora apenas uma questão técnica", afirmou esta terça-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Peter Szijjarto, citado pela agência Lusa.
A posição favorável do chefe da diplomacia húngara é similar à do primeiro-ministro Viktor Orbán, que na sexta-feira disse que Budapeste está "em contacto contínuo com o secretário-geral da NATO e os turcos". "Se virmos que temos algo a fazer, faremos. A Hungria não é famosa por hesitar se tivermos que tomar uma decisão", acrescentou o líder do Executivo.
Apesar de o assunto não ter sido votado pelo Parlamento da Hungria numa sessão extraordinária de verão, na sexta-feira, o órgão legislador pode reunir-se nos próximos dias para votar a entrada da Suécia na NATO.
A Ucrânia também vai entrar na NATO?
Apesar da pressão feita pelo presidente ucraniano, a adesão de Kiev não será resolvida nesta cimeira. Volodymyr Zelensky, que afirmou esta segunda-feira que a Ucrânia "merece estar na Aliança", exigiu um "sinal claro" dos membros da NATO para a entrada após o final da guerra com a Rússia.
A Aliança Atlântica deverá remover os requerimentos presentes no plano de ação para a adesão – lista com metas políticas, económicas e militares que outros países do Leste europeu tiveram que cumprir. "A Ucrânia percorreu um longo caminho desde que tomamos a decisão em 2008 de que o próximo passo seria um plano de ação para a adesão. A Ucrânia está muito mais próxima da NATO, então acho que chegou a hora de refletir isso nas decisões da NATO", defendeu o secretário-geral da Aliança, Jens Stoltenberg, citado pela estação Aljazeera.
Temendo entrar em confronto direto com os russos, Alemanha, Estados Unidos e Portugal são alguns dos membros da NATO que hesitam em definir quando Kiev poderá entrar. Washington, Berlim, assim como Londres e Paris, negoceiam compromissos de longo prazo para o fornecimento de armas aos ucranianos. A França já anunciou esta terça-feira que enviará mísseis de cruzeiro de longo alcance "SCALP" para ajudar no combate contra a Rússia – mesmo tipo já enviado pelo Reino Unido, com o nome de "Storm Shadow".
Como será a participação de Portugal na cimeira?
O primeiro-ministro António Costa anunciou, esta terça-feira, que os Estados-membros da NATO aceitaram uma proposta portuguesa que pede uma maior atenção ao flanco sul, nomeadamente a África. O continente africano conta com ações do grupo paramilitar russo Wagner, como também de grupos terroristas. A intenção é que haja uma reflexão sobre o tema para que diretrizes sejam apresentadas na próxima cimeira, em Washington.
Costa saudou ainda o desbloqueio da Suécia e a "unidade de todos no apoio à Ucrânia". "Era difícil podermos começar melhor esta cimeira, agora só espero que a cimeira não estrague aquilo começou tão bem", celebrou Costa, citado pela agência Lusa.
Outro foco do Governo português é aumentar a cooperação entre a União Europeia e a Aliança Atlântica "numa ótica de complementaridade e não duplicação de esforços, sobretudo em áreas como a resiliência, as alterações climáticas e as infraestruturas críticas submarinas, entre outras", de acordo com comunicado do Ministério da Defesa enviado à Lusa.