O blog "Agora é que são elas" do jornal brasileiro "Folha de S. Paulo" publicou, esta sexta-feira de manhã, o relato de uma figurinista da "Globo" que acusa o conhecido ator José Mayer de assédio sexual.
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Entretanto, o jornal apagou a publicação por não incluir os argumentos da parte acusada - que ainda não se pronunciou - mas o desabafo chocante da funcionária difundiu-se rapidamente por toda a imprensa brasileira.
Su Tonani, a figurinista de 28 anos, chegou ao Brasil há cinco e à "Globo" há oito meses, altura em que começou a lidar "rotineiramente" com o ator que integra, atualmente, o elenco da novela "A lei do amor" e que já foi protagonista em tantas outras.
"Com ele (José Mayer), vinham os seus 'elogios'", lamentou na carta, onde conta ter sido, várias vezes, vítima de piropos sobre a roupa e o corpo, nomeadamente a cintura, o peito e o traseiro.
"Em fevereiro de 2017, dentro do camarim da empresa, na presença de outras duas mulheres, esse ator, branco, rico, de 67 anos, que ficou famoso por ser garanhão, colocou a mão esquerda no meu órgão genital. Sim, na minha vagina. E ainda disse que esse era o seu desejo antigo", lê-se na publicação.
O "desespero" e o "nojo" que Su sentiu levou a que, nos dias seguintes, tentasse evitar Mayer o mais possível.
"O trabalho dos meus sonhos tinha-se tornado um pesadelo. E para me segurar, eu imaginava que, depois da mão na vagina, nada de pior poderia acontecer", contou. Mas, segundo a própria, aconteceu. E aconteceu com uma plateia de trinta pessoas, enquanto Mayer gravava uma cena.
"Ele no centro, sob os holofotes, no cenário, câmaras apontadas para si, prestes a dizer o seu texto de protagonista. Neste momento, sem medo, ameaçou-me tocar novamente se eu continuasse a não falar com ele", acusou a mulher, acrescentando que o ator acabou mesmo por lhe chamar "vaca", "para quem quisesse ouvir". "Não teve medo. E porque teria mesmo?", questionou.
Segundo o seu testemunho, foi aos recursos humanos, à provedoria, ao departamento que protege os atores, contou a todos sobre o "assédio moral e sexual" de que diz sofrer há meses.
"A empresa reconheceu a gravidade do acontecimento e prometeu tomar as medidas necessárias. Eu pergunto-me: quais serão as medidas? Que lei fará justiça e reger a punição?", interrogou-se.
A figurinista, que, na carta, não explica se fez queixa do "assédio" às autoridades, diz sentir-se "oprimida" e "envergonhada" por não ter tido a capacidade de quebrar o silêncio mais cedo e lamenta que o ator vá sair impune por ser a "prata da casa".
Até ao momento, Mayer ainda não respondeu às acusações.
As gravações da novela "A lei do amor" terão já acabado porque o último episódio está para breve.