
Bruno Nogueira
DR
Humorista fez revolução digital. Na despedida, bateu recorde com quase 200 mil pessoas a vê-lo. Especialistas explicam o fenómeno.
Corpo do artigo
12204089
Ainda não há vacina, mas há Bruno Nogueira. E, para quem esteve confinado devido à pandemia, a improvável revolução criada com "Como é que o bicho mexe?", programa emitido no Instagram todas as noites durante dois meses, fez a diferença. A prova, se dúvidas houvesse, foi o recorde batido ontem de madrugada, na data que o ator de 38 anos decidiu que seria Natal, desafiando os fãs a iluminarem as casas. Não foram só as 170 mil pessoas coladas a uma rede social em simultâneo. Foi também um número impossível de contabilizar de fãs que seguiu o carro que ontem percorreu Lisboa, com Nuno Markl incrédulo ao volante e Bruno Nogueira, pasmado e comovido, ao lado, a agradecer o contributo de todos. E foi ainda a verba todos os dias angariada para várias causas sociais.
Mais público que RTP3 e TVI24
A rubrica esteve em direto todas as noites, duas horas por noite. Entre infindáveis aventuras, ontem, o "Bicho" surpreendeu a atriz Jessica Athayde na intimidade, exibiu o rabo do ator Albano Jerónimo e o sexo do humorista João Quadros. Rendeu até a PSP e o INEM, que também quiseram parabenizar o autor. E até Cristiano Ronaldo, já na cama, em Itália, não quis deixar de "dar uma força".
Bruno Nogueira foi o "rei disto tudo" num "talk show" original, frenético e sem guião, que bateu o recorde nas redes sociais em Portugal. Antes da última edição, já o programa registava uma média diária de 80 mil pessoas. Ou seja, mais audiência que a RTP3 e a TVI24. Mas o que é que Nogueira tem?
460bBC8J7OU
"Tem um talento incrível", responde, ao JN, o especialista em redes sociais Paulo Rossas. "Fez uma coisa que dificilmente voltará a acontecer: juntar famosos e anónimos de forma orgânica." Ao lado de Vhils, por exemplo, protagonizou o 25 de abril de que vamos lembrar-nos durante muitos anos.
O seu sucesso será a próxima dor de cabeça de quem é responsável pela comunicação. "Isto vai ter de ser esmiuçado por todos nós", admite Rossas. "A partir de agora, as marcas vão querer uma coisa ao género do Bruno Nogueira. E nós vamos ter de andar para trás e perceber o que aconteceu aqui. Bruno Nogueira chegou e meteu-nos, a todos, no bolso."
João Pico, especialista em audiovisual e multimédia, concorda. "A criatividade do Bruno foi tão simples que fez ressonância em todos nós." E isso, acrescenta, foi mais decisivo do que a presença dos famosos nos "lives". "É curioso, ele consegue estes números numa altura em que há grande saturação de diretos no digital". E conclui: "A viagem de carro até ao Coliseu dos Recreios foi a materialização do sucesso. Provou-se que o vernáculo [usado abundantemente no programa] não é assim tão grave nem vai destruir esta geração."O JN contactou Bruno Nogueira, mas a sua agente, Sandra Faria, assegurou que o humorista "não vai dar entrevistas tão cedo".
