Filhas de atores e músicos conhecidos lidam com ansiedade e depressão desde novos, à conta do legado familiar, mesmo que assinem também carreiras de sucesso.
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Ter a coragem de assumir que não se está bem e que se precisa de ajuda nem sempre é fácil, mas é fundamental para a superação - e há muitas figuras públicas que disso são exemplo. Principalmente quando crescem sobre a pressão dos holofotes, por arrasto dos pais famosos, e acabam por protagonizar também carreiras de sucesso.
"Uma guerra silenciosa contra a qual luto desde os nove anos", confessou Tallulah Willis, a filha mais nova de Demi Moore e Bruce Willis, ao falar da sua saúde mental frágil. A jovem divide-se entre a representação e o design de moda e desde pequena que tem conflitos internos por ser mais parecida com o pai do que com a mãe, até por ter sido chamada de "feia" em criança. O trauma de infância, como contou recentemente, foi diagnosticado como transtorno dismórfico corporal, doença mental que envolve um foco obsessivo por defeitos que a pessoa julga ter na aparência. Os problemas com o álcool de Demi também a afetaram e, em 2018, a ansiedade e os sentimentos depressivos levaram-na ao hospital.
As modelos com o que o pai, o músico Lenny Kravitz, foi namorando, a par das comparações com a mãe, a atriz Lisa Bonet, acabaram por influenciar distúrbios alimentares em Zoë Kravitz. A modelo, atriz e cantora lidou durante uma década com anorexia e bulimia, que os pais perceberam quando rodava o filme "A estrada interior" (2014). Nessa altura, como lembra Zoë, já se podia ver a sua caixa torácica. Recuperada, brilha atualmente como Catwoman no novo "Batman".
"As palavras magoam"
Habituada a Hollywood quase desde que nasceu, à boleia do percurso do pais, Don Johnson e Melanie Griffith, de quem herdou o talento para representar, Dakota Johnson escreve a sua própria história na fama. Mesmo sem esconder que luta contra a depressão "desde os 15 ou os 14 anos", ou seja, depois de lidar com o divórcio dos progenitores e de uma infância entre sets de filmagem, Los Angeles e o Colorado. Para "purgar pensamentos e emoções" diz trabalhar muito, além de fazer terapia. A protagonista do filme "As cinquenta sombras de Grey" também reconheceu, em entrevistas, que crescer no meio cinematográfico teve os dois lados da moeda e que não gostava de ver quando os pais "simulavam sexo com outros parceiros" ou quando a "mãe era esbofeteada". "Não era capaz de lidar com aquilo."
Ireland Baldwin, filha dos atores Alec Baldwin e Kim Basinger, é modelo e argumentista e, já este ano, desabafou sobre o quanto se sente fragilizada pelo peso dos sobrenomes e pelo assédio que sente por causa do pai. "As palavras magoam, não importa o quanto eu finja o contrário. Sei que às vezes é melhor ficar calada e deixar as coisas fracassarem... mas cansei-me de fazer isso. [......] Perdi-me. Tenho estado cheia de ansiedade e preocupo-me com a forma como as pessoas me veem", afirmou.
Algumas aprenderam a lidar e a cuidar da saúde mental, usando o próprio exemplo para mostrar que não há vidas perfeitas e que o ideal é encontrar soluções em vez de se focarem nos problemas. Sem comparações e sem vergonha de recorrer a ajuda quando assim for necessário.