A pivô da RTP Informação Estela Machado faz sucesso nas redes sociais mas não tem Facebook. "Sou uma infoexcluída de forma intencional", diz.
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O que mudou na sua vida desde que começou a fazer televisão?
Faço televisão há 12 anos, mas a minha vida não mudou. Continuo a ser a mesma pessoa. A vida é a mesma de sempre, é do trabalho para casa, o tempo com a família e os amigos. A televisão é apenas o meu trabalho.
Começou a sua carreira mal terminou o curso...
Tirei o Curso na Universidade Fernando Pessoa e fui logo selecionada para a extinta NTV, onde comecei por baixo. Tenho muito orgulho do meu percurso, que me faz estar preparada para qualquer cenário. Para estar em cima e amanhã estar por baixo de novo... Fiz tudo passo a passo e com passos bem pequeninos.
Não seria um "drama" voltar para a reportagem?
De todo! Tenho imensas saudades de estar na rua. Foi por aí que comecei e onde um dia quero voltar. Mas muito mais tranquila...
Lida bem com o ritmo alucinante de trabalho?
Sou viciada em notícias, o que me faz estar sempre a mil. Digo muitas vezes aos meus amigos que faço muitos quilómetros com o pedal do teleponto (risos). Faço três horas de emissão diariamente, o que me obriga a estar sempre com as "antenas ligadas". E adoro este ritmo!
Como coordena a profissão com a vida pessoal?
Todo o trabalho de apresentação obriga-me a uma organização muito grande. Não há atrasos... não pode haver. Há regras e horários rígidos. Tenho que me maquilhar e pentear todos os dias à hora certa. Pode parecer algo positivo para as mulheres, mas para mim é mais uma obrigação. A parte pessoal é gerida com o telemóvel, a minha salvação (risos) e com uma família fantástica a dar todo o apoio possível, principalmente a minha mãe. Porque tenho um filho, é fundamental ter tudo organizado. E ele está com seis anos e precisa de muita atenção.
O seu filho tem noção do que implica o trabalho da mãe?
Tem! Mas de vez em quando reclama. O ano passado estive quase 10 meses a fazer o "24 horas" e nessa altura foi um pouco complicado. Questionava porque não ia para casa e perguntava porque é que os meus chefes não me deixavam ir embora (risos). Foi um desafio cumprido com o melhor de mim e tentando sempre compensar o Afonso pelas minhas ausências. Ser mulher obriga a uma gestão maior e a uma grande distribuição de tarefas. É preciso deixar tudo planeado e ter uma vida muito regrada.
Sente uma responsabilidade acrescida por ser pivô?
Sim... Já tive dias complicados, quando não estamos bem, somos como qualquer ser humano, mas temos de esquecer os problemas. O espectador não está à espera de ver um pivô nervoso. Temos de transmitir serenidade. Temos de ser verdadeiros, mas deixar os problemas arrumados num canto e estar a 100 por cento. Quando entro na RTP, deixo o Mundo lá fora.
E quando sai da RTP, o que muda?
Tudo (risos). Vou de carro até Guimarães, onde moro, com a música alta. Faço a viagem diária e não me custa nada. Conduzir, para mim, é um prazer e uma forma de desanuviar. O período da viagem serve para descomprimir e fazer o rescaldo do trabalho feito. Já vivi no Porto, mas gosto muito de estar fora da cidade. O carro acaba por ser a minha segunda casa, mas eu adoro sair da cidade.
Que tipo de abordagem lhe fazem na rua?
As pessoas são sempre muito simpáticas. O público não é o mesmo de há uns anos. As pessoas estão bem informadas. O público hoje é interessado, exigente. E connosco, mulheres, ainda mais, porque a imagem está sempre a ser passada a pente fino. Estimulam muito o trabalho. Quero sempre fazer melhor.
Que perguntas de caráter pessoal ouve mais?
Querem saber se tenho filhos e perguntam pela família. Eu não gosto muito de falar de mim e as pessoas entendem e aceitam.
Sempre teve esse cuidado com a exposição da sua vida pessoal?
Sim, desde o início da minha carreira jornalística. Sempre tive esta noção de privacidade. Eu não sou ninguém, sou uma jornalista, entre muitas... entendo que o público tenha curiosidade, mas as pessoas percebem e respeitam. Gosto de separar bem as coisas. Sempre fiz questão de dizer que o que é da Estela é meu e o meu trabalho é de "todos".
É por isso que não tem perfil nas redes sociais?
Sim, não tenho qualquer ligação ao Títere ou ao Facebook. Sou uma infoexcluída de forma intencional. E, para já, vai continuar a ser assim. Posso mudar de ideias um dia, quem sabe, mas tenho de arranjar uma razão muito forte para que tal aconteça. Terei de ter um argumento forte para o fazer.
Como por exemplo?
Em termos profissionais, já tive ocasiões onde teria dado muito jeito estar ligada à rede. Mas consigo sempre dar a volta à situação. Não consigo fazer o mesmo quando se trata da Estela e de estar ao dispor do "público". Adoro estar em sociedade e conhecer pessoas, mas a minha privacidade não é penetrável...
Mas tem uma página de fãs no Facebook...
Sim, já descobri (risos). Acho que até tenho duas! Acho muito curioso e divertido. Os meus primos vão-me passando a informação e confesso que gosto de ver alguns trabalhos antigos que as pessoas colocam nas páginas e de que eu nem me lembrava.