O conhecido ator de Hollywood voltou, esta terça-feira, a testemunhar em tribunal devido a um processo de difamação que apresentou contra a ex-mulher, Amber Heard, na sequência de um artigo em que a atriz disse ter sido vítima de violência doméstica. Depp negou, uma vez mais, as acusações neste que é o mais recente capítulo da história conturbada do ex-casal.
Corpo do artigo
Os nomes de Johnny Depp e Amber Heard voltam a estar nas bocas do mundo, não por qualquer filme em que tenham participado, mas sim por terem protagonizado uma história de amor com o pior dos finais. O casal de atores conheceu-se em 2009, durante as filmagens da longa-metragem "O Diário a Rum" e casaram-se numa cerimónia privada em 2015. Apenas um ano depois, a atriz começou a tratar do divórcio e conseguiu uma ordem de restrição temporária contra Johnny Depp, acusando-o de abusos verbais e físicos.
O ator sempre negou qualquer ato violento, acusando a ex-mulher de estar à procura de uma compensação financeira. Mais tarde, Amber, de 35 anos, acabou por retirar as acusações e o casal emitiu um comunicado conjunto em que dizia que a "relação era intensamente apaixonada e por vezes volátil, mas sempre ligada pelo amor". "Nenhuma das partes fez falsas acusações por ganhos financeiros. Nunca houve qualquer intenção de dano físico ou emocional", declararam. Depp acabou por pagar à ex-mulher 6,5 milhões de euros (sete milhões de dólares), que a atriz pediu para doar à União Americana pelas Liberdades Civis e ao Hospital Infantil de Los Angeles.
Contudo, em 2018, o caso acabou mesmo por ir a tribunal depois de Amber Heard, conhecida pelas suas interpretações em "Aquaman" e "Liga da Justiça", ter escrito um artigo no jornal "Washington Post", no qual dizia ter sido uma "sobrevivente" da violência doméstica, sem citar o nome do agressor. Depp interpôs uma ação de 50 milhões de dólares (46,3 milhões de euros), acusando a ex-mulher de difamação e de prejudicar a carreira e ainda processou o jornal "The Sun" por tê-lo apelidado de "espancador de mulheres".
Violência, relação tóxica e enfermeira à procura de um dedo
Em tribunal, os testemunhos dos atores comprovaram que a relação entre o casal era tudo menos saudável. Apesar de garantirem que um grande amor os unia, revelaram casos extraconjugais e o estilo de vida pouco saudável do Depp, que lutava contra o vício do álcool e das drogas. Amber garantiu que o ator se transformava num "monstro" sempre que bebia e até a ameaçou de morte, com 14 agressões - pontapés, asfixia, murros e estalos - pelo meio.
O ator de "Pirata das Caraíbas" sempre negou tudo, considerando as alegações "doentias". A resolução do Supremo de Tribunal de Londres acabou por dar razão a Amber, considerando verdadeiros 12 desses relatos, e ainda considerou que o jornal "The Sun" não mentiu ao chamar Depp de "espancador da mulher", o que piorou ainda mais a carreira do ator, que acabou por ser substituído pelo ator dinamarquês Mads Mikkelsen no filme da franquia de Harry Potter "Monstros Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore", no qual interpretava o vilão Grindelwald.
Mas o caso acabaria por voltar a julgamento depois de, no último mês de agosto, o tribunal decidir que o Hospital Infantil de Los Angeles e a União Americana das Liberdades Civis teriam de divulgar se a atriz doou a totalidade dos milhões de dólares do acordo de divórcio. Nos últimos dias, foram ouvidas novas testemunhas, entre os quais o médico e enfermeira do ator, que o ajudaram e ajudam na luta contra a dependência do álcool e das drogas, e o melhor amigo de Depp.
No caso da enfermeira, Debbie Lloyd afirmou que o casal tinha discussões mas garantiu que Johnny Depp nunca agrediu a ex-mulher. "As discussões eram um gatilho de perturbação emocional para ele. Ficava perturbado", afirmou, revelando que chegou a andar à procura de parte de um dedo do ator depois de, alegadamente, Amber lhe ter atirado com uma garrafa de vidro. "Ouvi dizer que a Amber lhe atirou uma garrafa de vodka; ouvi dizer que ele tinha batido no dedo com um telefone...", acrescentou.
Já o amigo de infância do ator, Isaac Baruch, garantiu que nunca viu qualquer sinal de violência na atriz. Questionado sobre um incidente contado por Amber, de 21 de maio de 2016, em que garantiu ter levado com um telemóvel na cara, Isaac afirmou não acreditar.
"Ela disse-me: 'Ele atirou-me um telemóvel e bateu-me'. Olhei para a testa dela, para o lado do rosto, para a bochecha, para o pescoço, para o outro lado do rosto, e não vi nada. Até lhe dei um beijo na bochecha e ela não demonstrou qualquer desconforto ou dor. Dois dias depois, vi-a entrar no apartamento com uma caracterizadora que trabalha para eles. Soube pela imprensa que ela pediu o divórcio, ao ver fotografias dela com marcas castanhas no rosto", testemunhou.
Johnny Depp: "Estou aqui para limpar o meu nome"
Esta terça-feira, foi a vez do ator testemunhar em tribunal. Durante uma longa audiência, Johnny Depp, de 58 anos, voltou a negar as acusações. "Estou aqui para limpar a minha imagem. O meu objetivo é que a verdade venha ao de cima. Eu não merecia isto. Nem eu, nem os meus filhos. Eu nunca asfixiei ou agredi a minha ex-mulher ou nenhuma mulher. Nunca", disse em tribunal, recordando o início da relação com Amber.
"Era demasiado bom para ser verdade. Ela era atenciosa, era amorosa, inteligente, divertida, preocupada...Tínhamos imensas coisas em comum. Era maravilhoso", acrescentou, perante o olhar atento de Amber Heard, que também está presente na sala de audiências.