Aos 21 anos, Amina Adan conseguiu atingir um feito histórico na Dinamarca: tornar-se na primeira modelo com véu islâmico a ser contratada por uma agência de manequins.
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Com Amina no seu catálogo, a diretora da Unique, Jacqueline Mikkelsen, espera que a jovem "inspire a criatividade" e que "a indústria da moda a coloque no mesmo pé de igualdade" que as outras modelos.
Amina Adan junta-se assim ao restrito grupo de manequins que usam o hijab, o tradicional véu islâmico que cobre a cabeça, e que ganha cada vez mais espaço num universo dominado pelos cânones da beleza ocidental.
São também cada vez mais as marcas que apostam neste tipo de manequins, seduzidas pelas possibilidade do mercado oriental. É o caso da H&M, que foi buscar Mariah Idrissi para protagonizar uma das suas campanhas publicitárias. Idrissi tornou-se na primeira modelo com véu islâmico a participar num anúncio publicitário de grande destaque.
Em declarações ao jornal britânico "Evening Standard", Idrissi contou que foi "uma surpresa" quando um dos seus amigos, "booker" de uma agência, a convidou para colaborar na campanha da multinacional sueca. A sua estreia no mundo da moda, conta a própria, ajudou muitas muçulmanas a sentirem-se confiantes.
Também houve repercussões negativas, com muitas mensagens de mulheres muçulmanas que consideraram o anúncio "indecente". "Por que é que não posso parecer decente e tapada ao mesmo tempo? Não preciso de estar nua e ter uma boa aparência", defendeu, contando ainda à mesma publicação que tenciona continuar a apostar numa carreira no mundo da moda. Avisa, no entanto, que só equaciona fazer desfiles se estes contarem apenas com a presença de mulheres.
Quem deu o salto para as passarelas foi Halima Aden. No ano passado, foi a primeira manequim com hijab a desfilar para uma marca de "prêt-a-porter" na semana da Moda de Nova Iorque. Outro feito: fez história ao ser a primeira mulher com véu islâmico a protagonizar produções para duas das revistas mais conceituadas no segmento feminino, a "Vogue" e a "Allure". "Sinto que estou aqui para acabar com os estereótipos das mulheres muçulmanas", confidenciou Halima Aden à "Allure".
Na opinião de Catarina Vasques Rito, jornalista especializada em moda, a inclusão deste tipo de modelos passa essencialmente por uma questão "economicista". "Estas marcas estão a pensar no negócio. Paralelamente, também estão a fazer um trabalho de inclusão", afirmou ao JN, acrescentando que ao longo dos séculos a moda sempre assumiu o papel de incluir aquilo que é "ostracizado pela sociedade", citando o exemplo da canadiana Chantelle Brown-Young, que sofre de vitiligo, doença crónica que provoca manchas muito mais claras do que o tom normal de pele em todo o corpo, e que faz sucesso nesta indústria.