
Fábio Poço/Global Imagens
Entre os que o acompanham desde miúdo franzino, todos garantem que André André não passa sem uma desforra. Nada faz o novo herói dos dragões virar costas às origens.
Com a bola debaixo de braço, junto dos amigos que ainda hoje mantém e sempre pronto para uma partida, seja na rua ou nas praias de Caxinas e Póvoa de Varzim: é assim que André André, o novo herói dos portistas, depois do golo apontado anteontem no clássico frente ao Benfica, é recordado por todos aqueles que desde tenra idade privam com ele e assistiram ao desenvolvimento do miúdo que nunca gostava de perder e que se tornou num jogador que, segundo apontam, tem qualidade e personalidade para voos ainda maiores.
Andrezinho, como é carinhosamente tratado por aqueles que lhe são mais próximos, é o típico produto do futebol de rua, polvilhado com a garra das gentes do mar de Caxinas, onde cresceu, junto à casa da avó materna, com quem sempre teve uma relação de enorme proximidade.
"Desde pequeno que andava sempre com a bola, e ainda agora, quando vai para a praia, leva-a. Era impressionante como aquele miúdo franzino estava sempre pronto para mais um jogo", recorda Ricardo Palmeira, amigo de infância do agora jogador do F. C. Porto.
"É das pessoas mais simples que eu conheço, desde os tempos da formação do Varzim até ser um jogador de Liga dos Campeões mantém os mesmos amigos, tem as mesmas rotinas e frequenta os mesmos sítios", completou o amigo Ricardo, que apesar de benfiquista ferrenho não se importou de perder a aposta de um jantar que fez com André: "Pedi-lhe para não jogar tanto, para ver se dava uma hipótese ao Benfica, mas ele não me fez a vontade. Mas como foi ele a marcar, também fiquei contente".
Ricardo terá, agora, de pagar a refeição, provavelmente num restaurante com picanha ou costeletão, os pratos favoritos de Andrezinho, e de lidar com portismo do amigo, que com 12 anos foi a Sevilha ver o F. C. Porto na final da Taça UEFA.
Lidar mal com a derrota é algo que todos os que convivem de perto com o médio lhe reconhecem como principal defeito. António Oliveira, amigo de André desde os dois anos de idade, e mais tarde companheiro de equipa nas camadas jovens do Varzim, disse ao JN que a intolerância ao insucesso lhe está no ADN.
"Desde pequeno que quer sempre ganhar e se não consegue pede sempre a desforra. Além disso, sempre teve a manha de jogador de futebol desde criança, quando fazíamos os jogos de um para um. Se ele perdia à bola atirava-se para o chão a dizer que tinha sido falta". (risos)
André André teve sempre de lidar com herança de ser filho de António André, jogador e grande referência do F. C. Porto, mas tal apenas lhe trouxe a vontade de triunfar e aprender, sendo que nunca utilizou o estatuto como forma de se impor.
"Ele nunca quis nada que fosse conseguido através do pai e a verdade é que só chegou agora à equipa principal do Porto, com 26 anos. Acho que nós, amigos, valorizávamos mais ele ser filho de um grande jogador do que ele próprio", recorda António.
Ainda assim, foram as características do pai, André, que influenciaram António Cacheira, treinador dos infantis do Varzim, a colocar o franzino Andrezinho como médio, nos primeiros passos nas camadas jovens dos poveiros.
"Conversava muito com o pai dele, com quem também joguei futebol, e sempre percebi que o miúdo tinha talento para jogar no centro do terreno. É algo que não se explica, percebemos que está no sangue", conta o experiente treinador, lembrando um jovem André André: "Com muito talento, respeitador, sempre muito atento". Assim foi ainda na passada sexta-feira, quando foi, de propósito, aos treinos do infantis do Varzim entregar ao mister Cacheira a camisola que envergou, recentemente, na seleção nacional.
