Realizador largou o basquetebol para vencer no plateau. Na RTP, acaba de estrear a série "Chegar a casa"
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Aos 46 anos, Sérgio Graciano é um dos realizadores portugueses de referência, assinando sucessos em televisão e no cinema. Um feito que quer repetir com a série "Chegar a casa", agora no ar na RTP1.
A paixão pelo universo audiovisual ganhou forma quando percebeu que o basquetebol não lhe garantia carreira para a vida. Atleta de alta competição, trocou o curso de Educação Física por Cinema e Comunicação Social, "que era uma coisa que gostava" desde os tempos em que ia ver filmes com o avô. Opção tomada, "fiz o percurso normal", recorda.
Enquanto desportista, na quadra, Graciano era base. Agora, na posição de realizador, pensa sempre na equipa e não faz "distinção entre o ator, o técnico ou o motorista". "Isso vem do desporto. Sempre fui capitão das minhas equipas, pelo que prezo essa coisa agregadora, pois é importante o ambiente de trabalho e a motivação", sublinha.
No currículo e na prateleira, Sérgio Graciano tem vários prémios, mas relativiza-os. A razão é simples: "Em Portugal, quando acabamos um projeto e passamos para outro, começamos sempre do zero. Isso é bom porque somos forçados a reinventarmo-nos e a fazer sempre melhor. E é mau porque, quando temos a idade que eu tenho, às tantas cansa um bocadinho ter que estar sempre a conquistar espaço".
Insatisfeito, feliz
Em dia de mais um episódio de "Chegar a casa", Sérgio descreve a narrativa como "simples sem ser simplista". "Começou por ser uma ideia da Filipa [Poppe] e da Joana [Andrade], que a escreveram inspiradas em pessoas comuns. Por isso, é uma história com a qual qualquer um se pode identificar e acho que esse é, mais ou menos, o segredo dos grandes projetos", explica.
Com o aparecimento das plataformas de streaming - para as quais também trabalha - Sérgio Graciano reconhece margem para criar "com muito menos limites", parabenizando a vontade de arriscar de quem compra os projetos. Nos próximos tempos realizará a série policial "Cold haven", uma coprodução da Glassriver (Islândia) e da SPi (Portugal). Para ele, "é sinal que as coisas começam a apontar um bocadinho para o nosso país".
"Mais ou menos insatisfeito, mas feliz", Sérgio corre atrás de cada desafio "sempre pronto a lançar dos três pontos ou até do meio campo, se assim tiver de ser". Para breve, já na tabela, tem duas longas-metragens a chegar aos cinemas: "O som que desce na terra" e "Salgueiro Maia - O implicado", antes adiados pela pandemia.