A atriz Soraia Chaves brilha no filme "Sombras brancas", em que faz de médica do escritor José Cardoso Pires. Depois de "Crime do Padre Amaro", tem uma nova cena que vai dar que falar. "É uma cena muito bonita", diz a artista ao JN.
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Quando ainda pode ser vista como Lídia na novela da SIC "Sangue oculto", Soraia Chaves voltou aos cinemas esta semana num novo filme, "Sombras brancas", de Fernando Vendrell, sobre o escritor José Cardoso Pires (1925-1998).
A história baseia-se "na experiência do escritor [interpretado por Rui Morrison] após sofrer um AVC, e a minha personagem é a médica que o ajuda a recuperar. Ao mesmo tempo, enquanto está desconectado da realidade, ele cria personagens fictícias e eu acabo por ser outra mulher, a senhora Capeline", confessa Soraia Chaves ao JN.
Nesse subconsciente fantasioso e paralelo ao guião baseada na realidade, a atriz surge numa cena "muito bonita" que vai dar que falar e que muitos espectadores podem ver como picante.
"É uma cena mesmo muito bonita. É quando o escritor era mais novo, ele está numa sala de cinema sozinho, e há uma mulher que se senta ao seu lado e, sem olhar para ele, tem esse ato sexual. Ou seja, há essa fantasia inspirada na médica e calhou-me a mim", descreve a atriz, transportando a cena para o ambiente onírico.
18 anos depois de "O crime do Padre Amaro"
Curiosamente, "Sombras brancas" chega ao público após se ter lido que Soraia Chaves teria manifestado desejo de se afastar de papéis de "sex symbol", o que, garante ao JN, "não é propriamente correto".
Quando se estreou, em 2005, no filme "O crime do Padre Amaro", sofreu na pele o estigma de uma sociedade conservadora. Não tanto por ser a mulher que engravida do padre, mas sim por se despir no grande ecrã.
O filme de Carlos Coelho da Silva "explorava muito a questão da sensualidade e da sexualidade" e Soraia reconhece que "seria muito fácil ser enquadrada só nesse contexto".
Só que, "enquanto atriz e apaixonada pela 7.ª Arte, não tinha interesse em ficar fechada nesse rótulo. Não há preconceito, mas há uma vontade de fazer e explorar personagens e coisas diferentes. Então, fiz escolhas", explica. A aposta deu certo e a atriz já provou ser muito mais do que um rótulo sensual.
"Sinto-me como aos 20 anos"
Aos 40 anos, a artista assume-se: "Ainda me sinto muito jovem, e igual como quando tinha 20 anos, na questão da curiosidade pelo mundo, em querer continuar a explorar e a construir coisas novas, seja profissionalmente, como pessoalmente". Assim, vive sem pressa, seguindo "a intuição". "Não sofro com a ansiedade de construir algo, vou construindo com naturalidade".
Atualmente, Soraia Chaves está a terminar a rodagem da série "Irreversível", de Bruno Gascon, na Figueira da Foz, na qual "aparece uma adolescente morta". "Eu sou professora dessa adolescente e mãe da melhor amiga dela, e estou envolvida na investigação. É também uma história que explora questões da saúde mental na escola e como os pais conseguem proteger os filhos de uma perturbação que se pode tornar irreversível", antecipa.
Mãe para já só na ficção
O trabalho na ficção tem dado filhos a Soraia, algo que já imaginou na vida real. "Poderá acontecer um dia, sim. Não é um assunto que tenha completamente definido. Até agora não tive pressa", confidencia.
Quando questionada sobre a sua vida amorosa, mesmo que se fale que namora com o ator Pedro Sousa, Soraia Chaves defende que gosta "muito de proteger" a sua intimidade.
"Tem sido uma escolha, mas estou muito bem, muito tranquila", responde, sem abrir a porta ao que tem de mais privado.