
Jacques Chirac
Charles Platiau/Reuters
O antigo presidente da França Jacques Chirac morreu esta quinta-feira, aos 86 anos. Uma notícia que deixou o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, "afetado e devastado". As reações estendem-se a outros líderes, como Marcelo Rebelo de Sousa, Angela Merkel e Vladimir Putin.
Juncker "está afetado e devastado pela morte de um grande homem de Estado e um grande amigo", disse a porta-voz da Comissão Europeia, Mina Andreeva, na conferência de imprensa diária.
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A porta-voz sublinhou ainda que "ficará para sempre" a herança deixada por Chirac na França e na União Europeia, acrescentando que Juncker "não tem palavras para exprimir o seu desgosto".
Marcelo envia condolências a Macron
O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, enviou uma mensagem ao seu homólogo francês, Emmanuel Macron, transmitindo à França as condolências. "O presidente da República enviou uma mensagem ao seu homólogo francês, Emmanuel Macron, transmitindo à França e aos franceses sentidas condolências pelo falecimento de Jacques Chirac (...)", refere o comunicado, divulgado na página da Presidência na Internet.
Segundo a nota, Chirac "foi sempre muito caloroso com as comunidades portuguesas em França, quer como 'maire' de Paris, quer como primeiro-ministro e presidente da República Francesa".
"Um amigo"
O primeiro-ministro António Costa recordou Jacques Chirac como "um amigo" de Portugal e dos emigrantes portugueses em França, tendo encarnado os ideais republicanos no seu país e na Europa. "Recordarei sempre Jacques Chirac como um amigo de Portugal e dos portugueses em França. Durante toda a sua vida, encarnou os ideais republicanos em França e na Europa", escreveu Costa, na rede social Twitter, expressando condolências à "família e ao povo francês".
Sampaio lembra que Chirac "apreciava Portugal e os portugueses"
O ex-presidente Jorge Sampaio expressou grande tristeza pela morte do antigo presidente de França Jacques Chirac, que "apreciava Portugal e os portugueses".
"Foi com grande tristeza, embora sem surpresa, que tomei conhecimento do falecimento do presidente Jacques Chirac pois sabia que se encontrava doente há já bastante tempo e que o seu estado de saúde se vinha progressivamente a deteriorar", referiu, de acordo com uma nota divulgada pelo seu gabinete à comunicação social.
Era um homem afável, dinâmico, muito comunicativo
"Os nossos mandatos como chefes de Estado coincidiram no tempo, o que nos permitiu construir e estreitar laços pessoais, bem como obrar para a aproximação das relações entre Portugal e a França", sublinhou o comunicado, independentemente das suas "diferentes filiações políticas".
"Lembro com especial carinho a visita de Estado que efetuei a França em abril de 2005", declarou Sampaio. "Jacques Chirac era um homem afável, dinâmico, muito comunicativo, com um enorme sentido de patriotismo e convicções europeias fortes e que apreciava Portugal e os portugueses", acrescentou.
É uma parte da minha vida que desaparece hoje
"É uma parte da minha vida que desaparece hoje", declarou o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy (2007-2012), expressando uma "profunda tristeza" perante a morte de Chirac.
"Personificou uma França fiel aos seus valores universais e ao seu papel histórico" e "nunca cedeu da nossa independência, e ao mesmo tempo do nosso profundo compromisso europeu", destacou Sarkozy, que foi o sucessor de Chirac na liderança do Eliseu (sede da Presidência francesa).
Na mesma declaração, Nicolas Sarkozy mencionou "a estatura imponente e a voz singular de Jacques Chirac", político que esteve presente "na vida política francesa durante meio século".
O antigo primeiro-ministro Alain Juppé (1995-1997) destacou a "relação excecional de lealdade, confiança e amizade recíproca, que não era apenas política, mas também pessoal", durante mais de 40 anos.
Sempre foi uma muralha face às teses de extrema-direita
Pierre Jouvet, porta-voz dos socialistas franceses, referiu que com a morte de Chirac "vira-se uma página da História de França", saudando "a memória de um grande presidente da República".
"Profundamente gaullista, seduziu os franceses com uma simpatia que se tornou a sua imagem de marca, bem como o seu melhor património", prosseguiu o porta-voz socialista, concluindo: "Apesar da discordância com a sua política nacional, ele sempre foi uma muralha face às teses de extrema-direita".
O anúncio da morte de Chirac foi recebido com consternação na câmara baixa do Parlamento francês, segundo relataram as agências internacionais, com os parlamentares da Assembleia Nacional a observarem, logo de imediato, um minuto de silêncio.
A chanceler alemã, Angela Merkel, reconheceu Jacques Chirac como um político que foi "um parceiro e um amigo formidável" para todos os alemães. "Estou muito triste com o anúncio da morte de Jacques Chirac", escreveu na rede social Twitter Angela Merkel, que conviveu de perto com o antigo presidente francês durante os seus dois primeiros anos na chancelaria alemã, entre 2005 e 2007.
Também no Twitter, o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão lembrou o "Não" que Chirac deu à guerra no Iraque, em 2003, e a sua vontade de assumir a responsabilidade do "Regime de Vichy [que colaborou com o exército invasor alemão] e dos colaboradores franceses nos crimes nazis".
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, recordou Chirac como "um líder sagaz e visionário", referindo, num comunicado, que o político francês "conquistou o respeito merecido dos compatriotas e uma alta autoridade internacional" e que "sempre defendeu os interesses" de França. Recentemente, Putin afirmou que Chirac foi o líder estrangeiro que mais o tinha impressionado ao longo da sua carreira política.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, escreveu no Twitter, por sua vez, que Chirac foi "um líder político formidável, que moldou o destino da nação [francesa] durante uma longa carreira de 40 anos".
O chefe do Governo libanês, Saad Hariri, prestou igualmente a sua homenagem a Jacques Chirac, considerando o político como "um dos grandes homens" que França conheceu.
O ex-presidente do Governo espanhol, José María Aznar, recordou o antigo presidente como "provavelmente o último grande clássico da política francesa".
