Traços de ruténio 106 - um radionuclídeo de origem artificial resultante de cisão nuclear - detetados em redes de vigilância da radioatividade atmosférica de França, Alemanha, Itália, Áustria e Suíça, terão sido libertados, no final de setembro, algures entre os Montes Urais e o rio Volga, mas o episódio não teve consequências para a saúde humana e para o ambiente.
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Segundo o Instituto de Radioproteção e de Segurança Nuclear (IRSN) francês, as primeiras deteções ocorreram em Itália, em 3 de outubro. Uma análise aos filtros da rede francesa indicou traços do radioisótopo em Seyne-sur-Mer e Nice, no território continental, e em Ajaccio, capital da Córsega, entre 27 de setembro e 13 de outubro. O valor mais elevado foi de 0,15 becquerels por metro cúbico de ar, na Roménia. Em França foi de 46 microbecquerels em Nice.
O organismo indica que a poluição radioativa não teve origem num acidente numa central nuclear. Neste caso a "nuvem" conteria outros radioisótopos, muitos deles mortais. Uma nota informativa aponta como provável uma libertação acidental numa unidade de reprocessamento de combustível nuclear, ou numa central de incineração de resíduos hospitalares, onde pode ter chegado acidentalmente uma fonte de ruténio 106, usada, designadamente, para tratamento de cancros oculares.
Segundo uma simulação do IRSN francês, a fonte localiza-se entre os Urais e o Volga, ou seja, algures na Rússia ou no Cazaquistão, onde as concentrações de ruténio 106 seriam muito mais importantes - entre 100 e 300 terabecquerels (um terabecquerel é um bilião de becquerels) - o que aconselharia à evacuação preventiva de povoações a algumas dezenas de quilómetros. A Rússia já desmentiu qualquer ocorrência.