A Amazon juntou-se, este sábado, ao número crescente de empresas que estão a cancelar a sua participação na Web Summit, depois das declarações do cofundador do evento, Paddy Cosgrave, em relação ao conflito em Israel.
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A Meta e a Google confirmaram primeiro à Bloomberg que não iriam participar no evento, que irá ter lugar em Lisboa em novembro, juntando-se a outras companhias como a Intel e a Siemens, e a investidores israelitas, que decidiram boicotar a conferência. A Amazon, por sua vez, anunciou hoje, que também iria retirar-se da Web Summit.
"Estamos ansiosos por receber 70 mil participantes de todo o mundo com um programa completo em novembro", reagiu uma porta-voz da Web Summit, citada pelo jornal "Irish Times", a um pedido de reação a estes cancelamentos de peso.
"Não vamos estar presentes na Web Summit", afirmou a Google num comunicado na sexta-feira. Seguriam-se a Meta, dona do Facebook e do Insagram, e agora a Amazon. Uma reação em cadeia a um comentário de Paddy Cosgrove nas redes sociais, que criticava a reação de Israel ao atentado do Hamas.
"Estou impressionado com a retórica e as ações de tantos líderes e governos ocidentais, com a exceção particular do Governo da Irlanda, que pela primeira vez estão a fazer a coisa certa. Os crimes de guerra são crimes de guerra mesmo quando cometidos por aliados, e devem ser denunciados pelo que são", destacou Paddy Cosgrave, 13 de outubro na rede social X (antigo Twitter) uma publicação que resultou numa onda de críticas entre várias responsáveis de empresas tecnológicas israelitas.
Na sexta-feira, um porta-voz do Banco Europeu de Investimento disse que está atualmente a considerar a sua participação no evento do próximo mês. O banco de desenvolvimento da União Europeia, que participou na Web Summit nos últimos anos, disse ter tomado nota dos comentários iniciais de Cosgrave, bem como do pedido de desculpas que se seguiu, na terça-feira. Cosgrave desculpou-se, lamentando não ter transmitido "compaixão", e disse esperar que a paz seja alcançada.
O ato de contrição de do Cosgrave, que é irlandês, aconteceu um dia depois de o embaixador de Israel em Portugal, Dor Shapira, ter anunciado que o país tinha cancelado a sua participação na cimeira tecnológica de Lisboa devido às declarações do cofundador da Web Summit, que classificou de "ultrajantes".
"Para reiterar o que disse na semana passada: condeno sem reservas o mau, repugnante e monstruoso ataque do Hamas em 7 de outubro" e "apelo também à libertação incondicional de todos os reféns. Como pai, simpatizo profundamente com as famílias das vítimas deste ato terrível e lamento por todas as vidas inocentes perdidas nesta e noutras guerras", começa por dizer Paddy Cosgrave, no blogue da Web Summit.
"Apoio inequivocamente o direito de Israel existir e de se defender, apoio inequivocamente uma solução de dois Estados", mas "compreendo que o que disse, o momento em que disse e a forma como foi apresentado causou profunda dor a muitos", prossegue o cofundador daquela que é considerada uma das maiores cimeiras tecnológicas do mundo.
"Para qualquer pessoa que ficou magoada com minhas palavras, peço profundamente desculpas. O que é necessário neste momento é compaixão, e eu não transmiti isso. O meu objetivo é e sempre foi lutar pela paz" e, "em última análise, espero de todo o coração que isso possa ser alcançado", afirma Cosgrave.
Na sua mensagem, recorda que, "tal como tantas figuras a nível mundial", também acredita "que, ao defender-se, Israel deveria aderir ao direito internacional e às convenções de Genebra - ou seja, não cometer crimes de guerra".
O grupo islamita Hamas lançou em 7 de outubro um ataque surpresa contra Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar.
Em resposta, Israel tem vindo a bombardear várias infraestruturas do Hamas na Faixa de Gaza e impôs um cerco ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.