Uma equipa do Instituto Oncológico de Barcelona, em Espanha, conseguiu encontrar vestígios de um tumor em leite materno, produzido por uma mulher que tinha cancro, e que tinha sido congelado quando esta fora mãe pela segunda vez. A descoberta faz parte de uma técnica de biópsia líquida.
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A investigação começou quando uma mulher grávida, do terceiro filho, foi diagnosticada com cancro de mama. Com medo de passar a doença ao bebé, a gestante pediu à médica para analisar as amostras de leite materno que tinha congelado 18 meses antes - depois de ter sido mãe pela segunda vez e antes de ter o diagnóstico - , explica o jornal espanhol "El País".
Apesar de saberem que a transmissão através do leite materno não é possível, as especialistas em oncologia tiveram a ideia de analisar as amostras, para perceber se seria possível detetar cancro dessa forma.
Depois de encontrem o ADN do tumor, a equipa de investigação do Instituto de Oncologia de Barcelona alargou a amostra a mais 15 pacientes com cancro e 10 pessoas saudáveis. Os resultados do estudo, publicado na revista científica "Cancer Discovery", confirmaram a presença de sinais do cancro no leite materno, em 13 das 15 doentes grávidas.
A coordenadora do estudo, Cristina Saura, refere em declarações ao diário espanhol, que "as variantes detetadas no tumor foram quase sete vezes mais baixas em comparação com as recolhas 14 dias depois da amamentação".
A análise destas amostras faz parte da técnica de "biópsia líquida", em que os exames são realizados através de fluidos, como o sangue ou a saliva, de forma menos invasiva do que as biópsias tradicionais".
Neste caso, as análises ao sangue deram "quase todas negativo" porque em tumores localizados a quantidade de ADN tumoral é mais baixa". Desta forma, demonstra-se que através do leite se é "capaz de detetar os tumores", o que abre a porta ao "desenvolvimento de testes precoces no pós-parto em mulheres que pretendam analisar o leite materno", conclui a médica oncológica.