
A zosurabalpina conseguiu derrotar superbactéria em ratos com pneumonia e sépsis
CDC / unsplash
Um grupo de cientistas descobriu uma classe inteiramente nova de antibióticos que parece matar uma das três bactérias consideradas a maior ameaça à saúde humana devido à sua resistência a medicamentos.
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A bactéria Acinetobacter baumannii (conhecida como "Crab") é classificada como patógeno crítico de prioridade 1 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), juntamente com duas outras formas de bactérias resistentes a medicamentos – Pseudomonas aeruginosa e Enterobacteriaceae.
As infeções resistentes aos antibióticos representam uma ameaça urgente para a saúde humana, particularmente aquelas causadas por um grande grupo de bactérias conhecidas como bactérias Gram-negativas, que são protegidas por uma camada externa que contém uma substância chamada lipopolissacarídeo (LPS).
Agora, uma equipa de investigadores, liderada por Daniel Kahne, da Universidade de Harvard, descobriu que o antibiótico zosurabalpina consegue derrotar a superbactéria em ratos com pneumonia e sépsis, uma resposta imunológica extrema a uma infeção, que pode levar à falência dos órgãos e até à morte.
“O LPS permite que as bactérias vivam em ambientes agressivos e também permite que evitem ataques do nosso sistema imunológico”, disse Michael Lobritz, diretor global de doenças infeciosas da Roche Pharma Research and Early Development, que desenvolveu o novo medicamento, de acordo com o jornal britânico "The Guardian".
A Roche já tinha identificado azosurabalpina como capaz de bloquear o crescimento da bactéria, mas não sabia como funcionava ou se seria eficaz em animais com infecções relacionadas com Crab.
Segundo o estudo publicado na revista científica "Nature", o medicamento impediu que o LPS fosse transportado para a membrana externa da bactéria, matando-a. Além disso, azosurabalpina reduziu consideravelmente os níveis de bactérias em ratos com pneumonia induzida pela superbactéria e evitou a morte daqueles em sépsis.
Embora esta molécula não resolva a ameaça à saúde pública das infecções resistentes aos antibióticos por si só, a descoberta pode ajudar a criar novos mecanismos capazes de atacar o mesmo sistema de transporte noutras bactérias. De acordo com Andrew Edwards, professor sénior de microbiologia molecular no Imperial College London, está a ser desenvolvido um tipo diferente de antibiótico, conhecido como murepavadina, que tem como alvo o transporte de LPS, embora através de um mecanismo diferente.

