Galáxias coloridas e berçários estelares: as primeiras imagens do Observatório Vera Rubin
O Observatório Vera Rubin, situado no Chile, revelou, esta segunda-feira, impressionantes galáxias multicoloridas e regiões de formação estelar nas suas primeiras imagens do espaço profundo captadas pelo seu telescópio, a maior câmara digital do Mundo.
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Após mais de duas décadas de trabalho, o gigantesco telescópio financiado pelos Estados Unidos está localizado no topo do Cerro Pachón, no centro do país sul-americano, onde os céus escuros e o ar seco oferecem as condições ideais para observar o cosmos.
Uma das primeiras imagens é uma composição de 678 exposições feitas em apenas sete horas, que captura a Nebulosa Trífida e a Nebulosa Laguna, ambas a vários milhares de anos-luz da Terra, brilhando em vivos tons rosados sobre um fundo vermelho alaranjado. A fotografia revela essas estruturas consideradas berçários estelares dentro da Via Láctea com um detalhe sem precedentes e características que antes eram ténues ou invisíveis. Outra imagem oferece uma vista panorâmica do aglomerado de galáxias de Virgem.
A equipa também publicou um vídeo intitulado "O baú do tesouro cósmico", que começa com duas galáxias antes de se afastar para revelar mais cerca de dez milhões.
"O Observatório Rubin é um investimento no nosso futuro, que estabelecerá as bases do conhecimento atual sobre as quais os nossos filhos construirão orgulhosamente o amanhã", afirmou Michael Kratsios, diretor do Escritório de Política Científica e Tecnológica da Casa Branca.
Equipado com um avançado telescópio de 8,4 metros e a maior câmara digital já construída, Rubin conta com o apoio de um potente sistema de processamento de dados.
No final deste ano, começará o seu projeto principal, o Legacy Survey of Space and Time (LSST). Durante a próxima década, vai monitorizar o céu todas as noites, captando até mesmo as mudanças visíveis mais subtis com uma precisão incomparável.
O observatório tem o nome da pioneira astrónoma americana Vera C. Rubin, cuja pesquisa forneceu a primeira prova conclusiva da existência da matéria escura, uma substância misteriosa que não emite luz, mas exerce influência gravitacional sobre as galáxias. A energia escura refere-se à força igualmente misteriosa e imensamente poderosa que se acredita impulsionar a expansão acelerada do universo. Acredita-se que a matéria e a energia escuras constituem 95% do cosmos, mas sua verdadeira natureza continua desconhecida.
O observatório, uma iniciativa conjunta da Fundação Nacional de Ciências e do Departamento de Energia dos Estados Unidos, também é aclamado como uma das ferramentas mais poderosas já construídas para o rastreamento de asteroides. Em apenas 10 horas de observação, o Rubin descobriu 2104 asteroides não detetados no Sistema Solar, incluindo sete objetos próximos à Terra, todos eles sem perigo. Para comparar, todos os outros observatórios terrestres e espaciais juntos descobrem cerca de 20 mil novos asteroides por ano.
Rubin também se destaca como o observatório mais eficaz para detetar objetos interestelares que atravessam o Sistema Solar.
Orgulho chileno
O Chile abriga telescópios de mais de 30 países, incluindo alguns dos instrumentos astronómicos mais poderosos do Mundo, entre eles o Observatório ALMA, o radiotelescópio mais avançado da Terra.
O próximo Telescópio Extremamente Grande (EXT), cuja entrada em operação está prevista para 2027, permitirá a observação de distâncias cósmicas até agora inatingíveis.
Os desertos do norte do Chile, situados entre o oceano Pacífico e a cordilheira dos Andes, têm os céus mais limpos do planeta graças à mínima nebulosidade e ao clima árido.
O Observatório de Cerro Tololo permitiu importantes descobertas, como a da expansão acelerada do universo, um avanço que rendeu aos americanos Saul Perlmutter e Adam Riess, juntamente com o australiano Brian Schmidt, o Prémio Nobel de Física de 2011.