Hilda é a primeira de uma nova geração de vacas com menos emissões de gases de estufa
O nascimento de uma bezerra por fertilização in vitro pode acelerar a produção de gado mais amigo do ambiente, na Escócia.
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Da mesma forma que o desenvolvimento científico permitiu detetar o impacto do sistema digestivo dos bovinos nas alterações climáticas (por causa da emissão de gases poderosos que degradam a camada de ozono), está, por outro lado, a abrir caminho para mitigar essas consequências. O novo passo em frente nesse sentido chama-se Hilda e é parte de um projeto ecológico chamado "Cool Cows", que visa criar gado que produza menos gases com efeito de estufa.
Hilda tornou-se assim na primeira vaca de um dos mais relevantes rebanhos da Escócia a nascer por via de fertilização in vitro com uma mutação genética, para emitir menos gases de efeito de estufa. A técnica, que implicou que os óvulos da mãe da cria fossem fertilizados em laboratório, antecipou em oito meses a chegada da 16.ª e mais recente geração do rebanho Langhill, na cidade escocesa de Dumfries. E, acreditam os veterinários que trabalham no projeto, ajudará a reduzir de forma mais célere as emissões de metano - potente gás com efeito de estufa expelido pelos animais ruminantes, especialmente bovinos, durante o processo de digestão dos alimentos.
Alvo de estudo científico ao longo dos últimos 52 anos, o rebanho Langhill tem sido uma fonte de dados para a indústria de laticínios do Reino Unido, que tem tentado melhorar a saúde e a produção bovina em todo o país. Agora, os cientistas escoceses responsáveis pela monitorização do rebanho em causa estão a virar a atenção para formas eficazes de reduzirem a emissão de metano, que tem um efeito de aquecimento 84 vezes mais potente do que o dióxido de carbono.
Os cientistas preveem que a técnica aplicada a Hilda, e que será agora repetida, vá duplicar a taxa de "ganho genético" no rebanho, acelerando drasticamente o processo de seleção e reprodução de animais mais "eficientes em metano".
2045 é meta para zero emissões na Escócia
No Reino Unido, o setor da agricultura é responsável por cerca de 12% das emissões de gases de efeito estufa, sendo a grande maioria do metano expelido pelo gado, em arrotos e flatulências. O país assinou o Compromisso Global de Metano, comprometendo-se a reduzir as emissões do gás de efeito estufa em 30% até 2030, mas o Comité de Alterações Climáticas, equipa de consultoria independente do Governo britânico, vem alertando que o progresso tem sido lento e precisa de "aceleração substancial". Na Escócia, 2045 foi o ano definido como meta para eliminar por completo as emissões líquidas.