A inteligência artificial (IA) tem experienciado um grande crescimento nos últimos anos, sendo a educação, a saúde e a organização das cidades três dos setores mais afetados por essas mudanças. Em Portugal, a maioria da população acredita que as ferramentas de IA vieram facilitar muitas tarefas do dia a dia, aponta um novo estudo da Netsonda.
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Segundo um estudo realizado este ano pela Netsonda em Portugal, a inteligência artificial já faz parte do dia a dia da população, sendo vista como um facilitador em alguns casos, embora existam preocupações relativamente às questões éticas e sociais que levanta.
Para o estudo, foram inquiridos 800 cidadãos portugueses, com idades compreendidas entre os 18 e os 64 anos. O valor é considerável: 89% dos entrevistados acreditam que a IA veio facilitar muitas tarefas, seja porque os ajuda a encontrar a informação mais rapidamente (74%) ou porque conduz a uma poupança de tempo através da automatização das tarefas (57%).
Contudo, há 11% dos inquiridos que consideram que a IA torna a vida mais complicada, principalmente devido à perceção de que a mesma pode ser enviesada ou enganadora (67%), parecer impessoal ou robótica (66%) ou reduzir a tomada de decisão humana (60%).
"A IA está a remodelar indústrias e sociedades em todo o Mundo - e Portugal desempenha um papel fundamental nesta transformação. Lisboa emergiu como um poderoso polo de interligação, permitindo fluxos de dados eficientes entre continentes", refere Ivo Ivanov, presidente executivo (CEO) da DE-CIX, empresa especializada na operação de pontos de troca de tráfego de Internet, para quem a Netsonda realizou o estudo.
Setores-chave da IA
A educação e a saúde são dois dos setores-chaves da inteligência artificial. A população vê a IA como uma ferramenta valiosa de tradução (63%) e de acesso a recursos educativos (58%). Quase três em cada dez inquiridos (27%) já utilizaram ferramentas educativas baseadas em IA, sendo que as pessoas entre os 18 e os 24 anos revelaram taxas de adoção de 42%.
Na saúde, dois terços dos portugueses acreditam que a IA pode melhorar os serviços através da redução dos tempos de espera (66%) e da melhoria da eficiência através da automatização de tarefas administrativas (63%). Quanto à sua utilização em diagnósticos e tratamentos médicos, existe ainda algum ceticismo. Os homens sentem maior conforto (55%) do que as mulheres (46%).
Nas cidades, a IA é também vista com uma mais-valia, em particular para a gestão de trânsito e como aliada às empresas de transportes públicos, nomeadamente para melhorar as rotas e os horários (59%).
Preocupações éticas
Embora a IA seja amplamente vista como uma força positiva, o estudo revela também que os inquiridos portugueses estão conscientes das suas implicações éticas e sociais. De acordo com o estudo, sete em cada dez inquiridos expressam receio em particular com as violações de privacidade (67%), riscos de segurança (62%) e a perda de empregos (62%).