Investigadores portugueses querem criar "pele eletrónica" que deteta doenças pelo suor

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A NOVA School of Science and Technology (NOVA FCT) acaba de conquistar um novo projeto no âmbito da Aliança EUTOPIA, iniciativa europeia que reúne dez universidades para promover investigação colaborativa. A instituição foi selecionada na área da saúde com o projeto WE-SWEAT, que permitirá acompanhar e diagnosticar doenças de forma menos invasiva.
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O WE-SWEAT pretende criar uma plataforma vestível capaz de extrair e analisar o suor de forma autónoma, permitindo medir níveis de glucose e cloreto. Esta tecnologia abre caminho a amplas aplicações clínicas e preventivas, incluindo a deteção precoce de doenças, gestão de condições crónicas e monitorização contínua da saúde. Assim, poderá apoiar tanto o diagnóstico da fibrose quística como o acompanhamento da diabetes, oferecendo uma alternativa mais rápida, sustentável e não invasiva aos métodos tradicionais.
"A ideia do WE-SWEAT é desenvolver um dispositivo semelhante a uma pele eletrónica que, ao ser colocado sobre a pele, estimula eletricamente a produção de suor e deteta os níveis de glucose e de cloretos", explica Elvira Fortunato, professora e investigadora da Universidade Nova de Lisboa, ao JN. "Para as pessoas com diabetes, isto evita as picadas constantes; no caso dos cloretos, permite um diagnóstico mais eficiente da fibrose quística."
A solução combina iontoforese, microfluídica e sensores eletroquímicos avançados, integrados em materiais sustentáveis e flexíveis, garantindo uma monitorização contínua e de baixo custo.

O consórcio é liderado pela NOVA FCT, em colaboração com a CY Cergy Paris Université (França) e a Vrije Universiteit Brussel (Bélgica), reunindo especialistas em materiais, microeletrónica, sensores e inteligência artificial. A Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) será responsável pela validação clínica do dispositivo na área da diabetes e o Instituto Ricardo Jorge na área da fibrose.
Com início previsto para 1 de janeiro de 2026 e com uma duração de dois anos, o WE-SWEAT reforça a presença da NOVA na investigação europeia e contribui para o avanço de novas soluções em saúde digital. Este é um projeto multidisciplinar "importante para a faculdade, para os docentes e para os alunos", que permite destacar o diálogo cada vez mais necessário entre engenharia e medicina.
