Um estudo internacional conduzido pelo Instituto de Investigação Médica de Berghofer, na Austrália, concluiu que as mulheres têm uma maior predisposição genética para desenvolver depressão. Até agora foram encontradas 16 variantes genéticas associadas à doença em mulheres e apenas 8 nos homens, o que pode mudar os tratamentos da doença no futuro.
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Apresentado como uma das maiores investigações deste âmbito já realizadas, o estudo publicado no jornal "Nature Communications" analisou o ADN de quase 200 mil pessoas com depressão. Os resultados mostram que embora uma grande porção das variantes associadas à doença sejam partilhadas entre os sexos, há uma "maior carga de risco genético nas mulheres, o que se pode dever a variantes específicas do sexo feminino".
Os investigadores admitem que existem outros fatores que podem explicar a diferença do predomínio da doença, como a menor probabilidade de os homens procurarem ajuda, o que se traduz na falta de diagnósticos, e a maior predominância de mulheres na exposição a casos de abuso sexual e violência. No entanto, os cientistas pretendem desenvolver uma "abordagem multifacetada" e propõem que uma "componente chave dos mecanismos biológicos subjacentes a essas diferenças podem ser as disparidades genéticas".
Os resultados apontam para uma correlação genética mais forte entre a depressão e fatores metabólicos, como perda de peso e falta de energia, nas mulheres, e uma maior frequência de comportamentos de risco, exibição de sentimentos de raiva, agressividade e abuso de substâncias nos homens. Estes dados apontam para uma possível diferença de mecanismos biológicos e psicossociais, que contribuem para a heterogeneidade do Transtorno Depressivo Grave entre os sexos.
Em declarações citadas pelo "The Guardian", Philip Mitchell, da Escola de Medicina da Universidade de New South Wales, que não participou no estudo, explicou que "este estudo genético inovador, numa escala global, fornece fortes evidências de que as diferenças nas taxas de depressão podem dever-se a fatores genéticos, com a descoberta significativa de mais regiões de risco de depressão no genoma feminino."
"Além de reforçar as evidências de que as diferenças nas taxas de depressão entre sexos podem dever-se a fatores biológicos, [o estudo] também aponta para a possibilidade de no futuro existirem diferentes fármacos para tratar a depressão em homens e mulheres", continuou.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de depressão.