Um dispositivo semelhante a uma palhinha pode reconhecer a eventual presença de drogas insípidas e inodoras em bebidas. A adulteração tem sido uma das preocupações das autoridades pelo elevado risco, sobretudo para as mulheres, de exposição a agressões e violações
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Chama-se Spikeless, nasceu no Canadá e quer travar a adulteração de bebidas que podem promover alterações cognitivas e, com isso, aumentar a vulnerabilidade a eventuais agressões ou mesmo violações, expondo em particular as mulheres.
O dispositivo, que se assemelha a uma pequena palhinha, foi desenvolvido pela Universidade da Columbia Britânica, em Vancouver, e consegue detetar a presença de drogas como cetamina e o GHB, também conhecida como a droga da violação. Pode, por isso, vir a ser utilizada em bares, discotecas, festivais e restaurantes como forma de prevenir agressões sexuais.
O Spikeless “é feito de um material de papel que atrai uma pequena quantidade da bebida para uma ponta de bioplástico revestida com produtos químicos que mudam de cor em 30 segundos se a bebida estiver contaminada com drogas”, indica a nota emitida pela faculdade.
“Isto pode mudar a narrativa. Em vez de eu tentar vender este dispositivo a um consumidor, porque é que não podemos tornar os locais mais seguros?", indagou, citado no comunicado, o professor associado de Engenharia Química e Biológica e investigador que desenvolveu este mecanismo, Johan Foster.
O spiking - prática que implica a adulteração de bebidas sem conhecimento da vítima como forma de a vulnerabilizar - tem sido um dos temas abordados pelas autoridades, com sucessivos alertas. Foi, aliás, tema recente na campanha realizada pela Polícia de Segurança Pública a propósito do Dia da Mulher, a 8 de março. Em “sem consentimento”, a força policial alertava para as consequências da adoção de comportamentos de risco como a partilha não consentida de conteúdos íntimos através da internet, o assédio e a adulteração de bebidas.