Rede social X usou dados dos utilizadores para alimentar sistema de inteligência artificial
Um grupo europeu de defesa da privacidade, com sede em Viena, apresentou queixas em oito países europeus contra a empresa X, de Elon Musk, por ter introduzido "ilegalmente" dados pessoais dos utilizadores na sua tecnologia de inteligência artificial sem o seu consentimento.
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As queixas apresentadas pelo Centro Europeu para os Direitos Digitais - também conhecido por Noyb ("None of Your Business") - surgem depois de, no início do mês, a Comissão de Proteção de Dados (DPC) irlandesa ter intentado uma ação judicial contra a X devido às suas práticas de recolha de dados para treinar o seu sistema de inteligência artificial (IA).
A X começou recentemente a "alimentar irreversivelmente" os dados pessoais de mais de 60 milhões de utilizadores europeus na sua tecnologia de IA Grok, "sem nunca os informar ou pedir o seu consentimento". A Noyb criticou a X por "nunca informar proactivamente" os utilizadores de que os seus dados estão a ser utilizados para treino de IA, dizendo que muitas pessoas parecem ter "descoberto a nova configuração padrão através de um post viral a 26 de julho".
Na semana passada, a DPC - que actua em nome da União Europeia - disse que a X tinha concordado em suspender o seu muito criticado processamento de dados pessoais dos utilizadores para a sua tecnologia de IA, mas o fundador da Noyb, Max Schrems, revela em comunicado que a DPC não conseguiu "questionar a legalidade" do processamento efetivo, parecendo tomar medidas "laterais, mas não no cerne do problema".
A Noyb também alerta para o facto de não ser claro o que aconteceu com os dados da UE já ingeridos e apela a uma "investigação completa", tendo já apresentado queixas na Áustria, Bélgica, França, Grécia, Irlanda, Itália, Países Baixos e Espanha. O grupo solicitou um "procedimento de urgência" contra a X, que permita às autoridades de proteção de dados dos oito países europeus agir.
"Queremos garantir que o Twitter (agora X) cumpra plenamente a legislação da UE, que - no mínimo - exige que se peça o consentimento dos utilizadores", disse Schrems, referindo-se ao Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD). O grupo lançou recentemente uma ação judicial semelhante contra o gigante das redes sociais Meta, levando-o a suspender os seus planos de IA, e intentou vários processos judiciais contra gigantes da tecnologia, muitas vezes levando à ação das autoridades reguladoras.