Programador de Gaia e designer de Gondomar criaram uma rede social para partilha de conteúdos e opiniões focada totalmente no público português. Com quase dois anos, o Tal Canal abarca uma comunidade de utilizadores de todas as idades.
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Sonhado em agosto de 2021, o Tal Canal nasceu em abril do ano seguinte. André Santos, de 36 anos, e Tânia Carvalho, de 38, naturais de Vila Nova de Gaia e de Gondomar, respetivamente, queriam criar uma plataforma repleta de comunidades, onde os utilizadores pudessem falar sobre diversos temas e partilhar as suas opiniões de forma aberta. “O André é um utilizador ávido do Reddit e gosta do funcionamento, da interação e da partilha de conhecimento. É uma rede social que não se centra tanto nas pessoas, que se centra mais na partilha de conteúdos e na aprendizagem”, explica Tânia, designer, ao JN.
O Tal Canal, cujo nome é inspirado no programa de 1983 "O Tal Canal", de Herman José, é uma transposição do norte-americano Reddit para o mercado português. “Começámos a ver que não existia nada do género em Portugal. Acho que aquilo que também mais me cativou foi o facto de podermos dar a Portugal uma forma de as pessoas se sentirem à vontade para partilharem algo com os portugueses”, continua a co-criadora.
Inicialmente, o objetivo de André, que é programador, e Tânia, juntos há 11 anos, era criar uma plataforma “mais complexa”, com vários serviços, incluindo eventos e uma loja, mas acabaram por decidir começar num “ponto mais pequeno”.
Enfoque nos conteúdos
O Tal Canal foca-se principalmente nos canais, local onde utilizadores de todas as idades partilham conteúdos, comentam e discutem diversos temas. Os canais, que podem ser subscritos por cada utilizador, versam as mais variadas temáticas, como filmes e séries, música, literacia financeira, videojogos e criptomoedas, entre outros. Cada utilizador tem a liberdade de criar os seus próprios canais e moderá-los autonomamente.
Além dos canais, os utilizadores do Tal Canal também passam muito tempo nos jogos, todos criados por André e Tânia, que vivem há cerca de seis anos em Baião. "No passado, fizemos jogos para Android e para o iPhone e, na altura, pensámos que seria interessante pegar em alguns deles e ajustá-los para os incluirmos na secção de Jogos do Tal Canal", afirma a designer. "Os jogos acabam por ser uma fonte muito importante e muita gente vem e participa através dos jogos, é interessante. Nós tentamos que os jogos explorem as competências das pessoas, desde as palavras à lógica e ao desenho".
Neste momento, estão disponíveis cinco jogos: o Quina, cujo objetivo é adivinhar uma palavra de cinco letras em nove tentativas; o Obra D'Arte, onde os utilizadores interpretam através do desenho a descrição de que é lançada diariamente e votam nos desenhos dos outros participantes; o Comes € Bebes, que simula a gestão de uma tasca virtual; o M4P4, cujo objetivo passa por adivinhar código do mapa de 4x4 no máximo de 3 tentativas; e o Ilumina, um quebra-cabeças cujo objetivo é iluminar todas as peças de cada desafio.
A plataforma inclui um agregador de notícias, que junta notícias das principais fontes noticiosas portuguesas.
No Tal Canal, os utilizadores podem ainda recorrer ao Genial, um chatbot de Inteligência Artificial idêntico ao ChatGPT, que gera texto e imagem. Cada interação com o Genial custa um crédito e os utilizadores têm direito a 30 créditos diários.
"As pessoas gostam imenso de responder a perguntas"
Tânia nota que a interação dos utilizadores do Tal Canal aumenta quando se fazem perguntas. "Uma das coisas super interessantes é que as pessoas gostam imenso de responder a perguntas, gostam imenso de responder a sondagens", diz. "Discutem de forma cívica, educada e gostam de partilhar coisas que lhes aconteceram".
É neste contexto que surge a rubrica "Pergunta-me tudo", também usada para atrair novos utilizadores. Trata-se de entrevista escrita e interativa, onde um convidado responde às perguntas da comunidade. Luís de Matos, João Couto, Kiko 'Jazz' Pereira, Chefe Jamon, Pedro Caramez e MathGurl (Inês Guimarães) já foram alguns dos participantes nesta rubrica.
Admitindo que "não fazem muito marketing" ao projeto, Tânia explica que o casal gosta de ver o crescimento de uma forma orgânica: "As pessoas que vêm, ficam, vão ficando, gostam e depois também passam a palavra e tem sido assim um bocadinho que o Tal Canal tem vindo a crescer".
Até hoje, o Tal Canal tem mais de 2600 contas de utilizador e registou mais de 369 mil visitas.
Gratuito e livre de anúncios
O Tal Canal surgiu como uma plataforma totalmente gratuita e livre de anúncios publicitários graças a um investimento privado. "Nós detestamos andar em sites invadidos por publicidade, por isso quisemos que, além de gratuito, fosse livre de publicidade para toda a gente estar a navegar nos conteúdos e na plataforma sem estar a levar com anúncios", diz, acrescentando que isso não invalida que, no futuro, "tenhamos algum sistema de subscrição para funcionalidades extra que façam sentido para um grupo de pessoas".
A aplicação do Tal Canal não se encontra disponível na App Store nem no Google Play, mas é possível instalar através das opções do browser.
Tânia refere ter o "maior orgulho" no projeto. "Nós somos super orgulhosos do trabalho que fazemos, não nos gabamos dele mas sempre que falamos dele, falamos com o maior orgulho, porque nós dedicamos grande parte da nossa vida e da nossa existência a criar estes produtos que nós gostamos, para nós e também para as pessoas", afirma. "Não há nada melhor do que estares a dar de ti nos teus projetos e sentires que as pessoas também os consideram úteis e os adoram".
O casal está a trabalhar num sexto jogo, o Magnético, e a criação de mais jogos está nos planos futuros. "O nosso grande foco é sentirmos que estamos a desafiar as pessoas e isso é algo que nós gostamos e que queremos também apostar muito para o futuro", explica a designer. Também não descartam a criação de uma loja com "produtos diferentes, inovadores e criativos".