A tarefa de revisão é sempre difícil quando nos debruçamos sobre um produto que tem uma história longa e consensual. É como se nos pedissem para opinar sobre o "Moby Dick", do Herman Melville. É bom? Recomendas? É melhor que o "Grande Gatsby"?
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Menos romance e mais corrida. As Trabuco, da Asics, estão para o monte como as Nimbus estão para a estrada. Há muito gente a gostar de ambas e há várias formas de o justificar.
Temos algum historial que devemos destacar na história do trail com a Asics. Aqui pelos pés já passaram as antigas Trabuco 7, as 10, mas também as Fuji Lite 3 e umas antigas Fujirado. As Trabuco 7 fizeram praticamente 1000 quilómetros e foram companheiras nos trilhos até a sola parecer um pneu de Fórmula 1.
Ao abrir a caixa
Calhou-nos um modelo muito apelativo com um esquema de cores que mistura cinzento com verde menta e sola laranja. Aos nossos olhos são bonitas, mesmo para o uso diário. A marca mantém o amortecimento de espuma com o FF Blast para uma sensação responsiva e leve. Por falar em peso, as Trabuco já tiveram algumas variações, mas a geração 12 conta com 314 gramas. Isto classifica-as como sapatilhas all-around para o trail, porque não são leves o suficiente para performance e velocidade, mas o conforto não compromete o peso para atirá-las para atletas com uns quilos a mais. O drop mantém-se nos 8 milímetros e vemos isso como uma decisão sensata, porque quando se altera este pormenor num modelo, é sinal de que havia muita gente insatisfeita com os modelos anteriores.
No pé
Quando calçamos as sapatilhas, o fit é muito natural. Sentimos a sola suficientemente rígida e os tacos da sola são pronunciados ao ponto de os sentirmos em superfície plana.
A destacar, o conforto da língua no peito do pé. Ao contrário de algumas marcas, a língua é de maior densidade, talvez pelo facto de, ao fim de vários quilómetros, haver tendência para sentir o nó dos atacadores a prensar o peito do pé. Com esta densidade, isso não acontece.
A zona do colar está bastante reforçada, o que garante uma estabilidade da parte do calcanhar nas descidas mais acentuadas e técnicas.
São sapatilhas para usar em todas as estações do ano, porque têm espaço de respiração nas laterais com a malha micro perfurada. Não é uma respiração a 360 graus do pé, porque tanto na biqueira como no colar, há um reforço com alguma rigidez para proteger as zonas mais sensíveis do pé.
Avaliação no terreno
O bom de correr no monte nesta altura do ano é mesmo a imprevisibilidade do tempo. Tanto podemos apanhar um dia soalheiro com aqueles tons primaveris das urzes e giestas, como podemos estar num registo próximo de chuva densa. Não há melhor laboratório de teste do que a transição para a primavera. As trabuco tiveram um desempenho que consideramos ser o mais natural possível. Fizemos um treino mais longo de 30 quilómetros e, mesmo com as pernas estouradas, não houve dor no tendão de Aquiles ou inflamação da planta do pé. Em travessias de ria, o escoamento foi muito rápido, e o pé ficou rapidamente seco. Se tivéssemos de escolher um modelo de sapatilhas de trail que se adaptasse para qualquer tipo de tempo ou temperatura, não há como errar com as trabuco. Vão aguentar porrada e só sair dos pés quando estiverem perto de evaporar.
Kit Fuji Trail
A Asics aproveitou o lançamento das Trabuco 12 para renovar a linha têxtil para trail. Apresentam agora um kit de calções, camisola, corta-vento e mochila de hidratação que segue a bênção do famigerado monte Fuji no Japão. A destacar nesta nova linha de produtos é a tecnologia actibreeze que torna o tecido ainda mais leve e respirável. É daqueles pormenores que, durante uns quatro meses do ano, agradecemos terem sido inventadas.
Nota: O equipamento foi cedido pela marca