Quando não se corre a sério, corrinha-se. E isso pede equipamento adequado, sobretudo se estivermos no monte debaixo de chuva e à mercê do vento. Testámos a jaqueta impermeável Keb Eco-Shell da Fjällräven. Prima por ser ecológica e cumprir a função
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Nos intervalos das corridas de montanha, corrinha-se. Quem gosta de resvalar monte abaixo e esbaforir-se monte acima sabe do que falamos. Caminha-se apressada, acelera-se aqui e ali, porque o pé não sabe travar, está-lhe no sangue. Chamemos-lhe recuperação ativa.
Ora, um ritmo comedido exige roupagem adequada, porquanto não se suará como a correr, nem se combaterá a humidade com o simples efeito do calor aumentado do corpo. Além disso, caminhar ou corrinhar pode ser uma atividade mais prolongada no tempo, pelo que garantir o mínimo de humidade é fundamental. E isso depende de material respirável e, em dias de nevoeiro ou chuva, de material impermeável.
A marca sueca de outdoor Fjällräven propôs-nos experimentar um dos seus casacos mais procurados, a jaqueta Keb Eco-Shell, e, mal abrimos o embrulho, percebemos que a boa apresentação nos trilhos está garantida. É um impermeável de linhas limpas, minimalistas, de uma extraordinária simplicidade aparente e com uma gama de cores clássicas, que ficam bem na Natureza e na floresta urbana. Calhou-nos um castanho quente.
Mas só vestindo a peça se percebe que nada do que nos cobre é simples. Há dois bolsos no peito com malha elástica no interior, um deles com bolso interno, há outro na manga esquerda, mais um bolso de malha interno na zona do peito, dois fechos laterais com dois sentidos para arejar e fechos de velcro nas mangas, bem compridas para proteger as mãos. Já o capuz apresenta pala consistente e um sistema de aperto atrás que permite ajustar perfeitamente à cabeça, impedindo a deslocação com o vento e o movimento. Solto, é suficientemente espaçoso para acomodar um capacete de esqui, por exemplo. O fecho (de dois sentidos) puxado até cima protege acima do queixo. É um casaco largo para o tamanho, o que possibilita o uso de camada extra por baixo, e é extremamente leve.
Posto isto, vamos para a floresta em dia de chuva fria. Temos sorte. A dada altura vem uma chuvada torrencial persistente, que transforma as árvores em dilúvio. Não poderíamos pedir melhor clima para este teste. A sensação de proteção é imediata, com apenas um reparo: não estava suficientemente frio para usar gola alta por baixo, pelo que, ao cabo de algum tempo com pingas grossas a cair certas no pescoço, sentimos algum desconforto. Não humidade, frio. O tecido apresentou apenas algumas manchas mais escuras, mas a água não chegou a passar para a camada interna. Portanto, a jaqueta cumpre o propósito na quase perfeição. Quanto à gestão do calor produzido pelo esforço de uma subida rápida, por exemplo, foi claramente facilitada pelas aberturas com fecho laterais. Numa outra utilização em dia de chuva miudinha e de frio, sentimos o inverso: o eco-shell manteve o calor do esforço, combatendo o frio.
Quanto aos bolsos, sentimos falta deles na zona da cintura, até porque se quisermos transportar um telemóvel no bolso peitoral (com espaço garantido por uma prega inferior escondida) nota-se claramente a força do peso do aparelho a puxar o casaco para baixo. Mas admitimos que trocar um bolso por uma abertura para gestão do calor é justificável, até porque ninguém caminha, quanto mais corrinha, de mãos nos bolsos.
E agora vamos procurar perceber o tipo de proteção oferecido. A Fjällräven apregoa a sustentabilidade e o esforço no sentido do menor impacto dos seus produtos no ambiente. Escolheu uma impregnação impermeável e anti-incrustante livre de PFCs (perfluocarbonos, muito difíceis de de degradar no ambiente). “Quando criámos o Eco-Shell não quisemos limitar-nos a criar um material duro e respirável resistente à água e ao vento; quisemos criar um material que fizesse tudo isso sem ser necessariamente nocivo para o ambiente”, explica a marca sueca, que usa neste casaco polyester reciclado e reciclável, para reduzir o uso de matéria prima, e que compensa a pegada de carbono (emissões) da produção das peças de roupa Eco-Shell que produz (financiando projetos que reduzem ou eliminam emissões).
À parte da tecnologia ambiental, temos no tecido ligeiramente elástico da jaqueta Keb Eco-Shell uma construção de três camadas: uma camada exterior impregnada com o dito repelente de água livre de PFCs, uma membrana hidrófila intermédia que assegura a respirabilidade, deixando o vapor do suor escapar sem deixar a água entrar. Confirmamos a respirabilidade do casaco e a elasticidade para uma excelente liberdade de movimentos.
Os produtos da Fjällräven não são baratos, pelo contrário – este impermeável custa 550 euros – mas podem ser alvo de manutenção para garantir a sua durabilidade. A marca recomenda mesmo que se proceda com alguma regularidade à impregnação do casaco, com um spray repelente de água livre de PFCs. Pode ser no encontrado no mercado (da Nikwax ou na Grangers) e custará à volta de 12 euros ou 13 euros. Além disso, existe um kit de reparação que permite resolver pequenos rasgos – quem anda na Natureza sabe que são inevitáveis.
Fosse mais justo, este impermeável seria ótimo para uma corrida...
Características técnicas: impermeabilidade 30000 mm, respirabilidade 26000 g/m²/24h, peso 470 g
Preço: 550 euros
Nota: o produto foi fornecido pela marca