Montejunto fez a festa na Volta: "Estava toda a gente ansiosa com este regresso"
Graças a Joaquim Agostinho, considerado o melhor corredor português de todos os tempos, o ciclismo fervilha no sangue das gentes do Oeste. E, por isso, o sentimento de receber a Volta a Portugal, 42 anos depois, na serra de Montejunto, é "inexplicável" para as centenas de adeptos que "não podiam faltar" à festa que celebra a tradição, o orgulho e a identidade da região.
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Os avisos de acesso condicionado à serra não desmobilizaram a multidão, que compôs a paisagem do miradouro natural, cuja vista desafogada sobre o oceano, envolta por neblina, é de cortar a respiração. Da última vez que o pelotão da Volta lá foi, o tempo não estava tão agradável. "Ferrou-se a chover e a gente apanhou toda um banho", recorda Joaquim Garcia, 69 anos, cuja memória preserva todas as incidências da corrida de 1983.
Nessa altura, Nuno Carlos ainda não era nascido, mas desta vez "tinha de vir" assistir à chegada do pelotão. "Há muita gente que gosta de ciclismo aqui, o que é o nosso caso. É um momento de diversão para a família e amigos", justifica o homem de 36 anos, natural de Torres Vedras, "berço" de Agostinho. Depois de ter concluído a escalada de bicicleta até ao alto, Nuno Carlos aproveita a sombra com a família, até à chegada dos corredores, tal como as "comadres" Carolina Gregório e Mónica Camacho, da Venda do Pinheiro.
Foram desafiadas a subir a serra toda pelos amigos e concluíram o desafio com sucesso. Agora, é desfrutar do banquete montado no último quilómetro e conviver com os amigos. Até montaram um chuveiro improvisado para se refrescarem do calor. "Viemos pela Volta, mas sobretudo pelo convívio. Já faltava esta etapa", considera Carolina. "Para mudar um bocadinho. Tem sido mais na zona Norte aqui também há muitos adeptos de ciclismo no Oeste, portanto é um momento de festa importante que as pessoas vão valorizar", completa a amiga Mónica.
De crianças a idosos, "estava toda a gente muito ansiosa" com o regresso da Volta a Portugal a Montejunto. Quem o garante é o presidente da Câmara Municipal do Cavadal, um dos municípios da qual faz parte a serra, que aproveitou para participar na festa. "Aqui na zona, todos adoram ciclismo. Temos o nosso Agostinho, que foi e será sempre uma referência, não só nacional como internacional. A paixão dos oestinos pelo ciclismo é enorme", explica Ricardo Pinteus.
O autarca assegura que é um "orgulho" ver a caravana da Volta a cruzar a serra, o "amor" de todos os canavalenses, e espera que não demore tanto tempo a regressar. "Para uma região que tem o ciclismo como tradição, este regresso é uma coisa inexplicável".