JNTAG - A grossura fortalece e os especialistas garantem que a recuperação é significativa e robusta. O Planeta respira melhor, a Terra regenera-se, a Humanidade está otimista. Boas notícias, portanto.
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Filtro natural
A camada de ozono é, como o nome indica, uma camada gasosa composta pelo gás ozono, localizada na estratosfera, a uma distância de 20 a 35 quilómetros da superfície terrestre. Funciona como um filtro natural que protege a Terra dos raios ultravioleta emitidos pelo Sol, tão nocivos à nossa saúde, que podem causar cancro da pele. O ozono é o único gás capaz de filtrar essa radiação. Além disso, contraria o aquecimento global, o aumento da temperatura, uma vez que os raios ultravioleta contribuem para a retenção de calor. É uma camada protetora essencial para a vida no Planeta.
Esforço humano
Um relatório recente da ONU (Organização das Nações Unidas) confirma que a camada do ozono está a recuperar, está mais espessa do que em anos anteriores e, por isso, mais forte, mais capaz de travar os raios que vêm do Sol. Fala-se que está 14% mais espessa do que no período de 1960 a 2023. Estas boas notícias, de uma recuperação robusta, estão num documento da Organização Meteorológica Mundial, divulgado no início deste mês.
Há razões para que tal tenha acontecido. Convenções e protocolos internacionais, porque se trata de um esforço planetário, que estipulam a eliminação de substâncias que destroem a camada de ozono, sobretudo os químicos que saem de sprays e pesticidas. O empenho humano é fundamental. Fenómenos climáticos naturais, que envolvem ventos e marés, bem como a atividade do Sol e padrões de temperatura, também são importantes para fortalecer essa camada que trava os raios que fazem mal à saúde e aos ecossistemas.
O3
O Mundo está otimista com esse sinal que mostra que o valor médio global de ozono em 2024 foi superior ao período entre 2003 e 2022. E o ozono, esse O3, desempenha um papel vital ao filtrar a radiação ultravioleta. No entanto, a recuperação da camada de ozono é um processo lento, demorado, até pelo longo tempo de vida e resistência das moléculas que fazem mal. As previsões apontam que uma recuperação total não acontecerá antes de 2040. Ainda faltam uns anos. Seja como for, a espessura dessa estrutura varia ao longo das estações do ano e, portanto, é essencial acompanhar e monitorizar a sua evolução e perceber a eficácia das ações definidas e aplicadas para sua proteção.
O buraco na Antártida
Há um aspeto que convém referir. A camada de ozono tem um buraco na Antártida, o continente mais frio, seco e ventoso da Terra, no extremo sul do Planeta. É por aí que os raios ultravioleta entram e atacam. E é difícil fechá-lo por causa das suas condições atmosféricas, ou seja, temperaturas extremamente baixas no inverno, formação de nuvens estratosféricas polares, presença de substâncias químicas perigosas que aceleram a destruição do ozono quando a luz solar volta na primavera. O desaparecimento gradual desses químicos da atmosfera leva décadas. As projeções estimam que este buraco não estará fechado antes de 2060.
Clorofluorcarboneto
Composto baseado em carbono que contém cloro e flúor e que é um dos grandes responsáveis pela redução da camada de ozono.
O que podemos fazer?
Reduzir o uso de aerossóis, ou seja, evitar produtos com sprays em cosméticos, artigos de limpeza, inseticidas
Utilizar transportes sustentáveis, isto é, preferir transportes públicos, andar de bicicleta ou a pé
Reutilizar produtos, contribuir para a economia circular
Optar por alimentos biológicos e produzidos localmente para reduzir o impacto ambiental
Ajustar o termóstato do frigorífico, verificar se o ar condicionado não tem fugas, levá-los ao ecocentro quando perderem utilidade
António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas
Foto: Angela Weiss/AFP
"Há 40 anos, as nações uniram-se para dar o primeiro passo na proteção da camada de ozono, guiadas pela ciência, unidas na ação. A Convenção de Viena e o Protocolo de Montreal tornaram-se um marco de sucesso multilateral. Hoje, a camada de ozono está a recuperar. Esta conquista lembra-nos que quando as nações acatam os alertas da ciência, o progresso é possível."