JNTAG - Uma guerra na Europa que parece não ter fim, drones russos a violarem o espaço aéreo de países próximos, uma ofensiva israelita em Gaza que só se tem intensificado. O Mundo vive uma fase particularmente crítica e há quem tema uma nova guerra à escala global.
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Se estás atento à atualidade, certamente já notaste que o Mundo vive hoje num equilíbrio particularmente frágil. As guerras entre vários países parecem estar a intensificar-se, os líderes mundiais surgem cada vez mais polarizados, aos poucos o Globo vai-se dividindo em dois blocos, a dia mais distantes entre si. Por tudo isto, são muitos os especialistas em Relações Internacionais e Ciência Política a alertar para o facto de vivermos num clima de tal forma volátil que qualquer incidente pode ser o rastilho perfeito para o início de um novo conflito à escala mundial. Outros especialistas, contudo, mostram-se céticos. Num inquérito realizado em junho (em 12 países), 82% dos portugueses mostraram preocupação relativamente à eventualidade de uma terceira guerra mundial.
Fatores de risco
Entre quem defende que um novo conflito à escala mundial está próximo, invoca-se o facto de o Mundo estar hoje mergulhado numa série de conflitos regionais, com múltiplos atores apoiados por potências externas. Daí que qualquer pequeno incidente possa servir de gatilho.
Acresce que a tecnologia militar moderna torna as interações mais rápidas, com menos tempo para verificar intenções ou corrigir erros, aumentando o risco de escalada súbita. Além disso, potências como os EUA, a China ou a Rússia têm interesses que chocam em várias frentes, desde a Europa Oriental a Taiwan, passando pelo domínio tecnológico e pela segurança energética.
Há ainda um outro fator, que pode pesar: vivemos hoje um tempo de crises simultâneas, com crises climáticas, vulnerabilidades energéticas, disputas por recursos, desinformação, terrorismo e insegurança cibernética, que podem reduzir a margem de manobra diplomática. Mais uma acha para a fogueira.
Fatores dissuasores
Quanto aos argumentos dos que entendem que não teremos em breve outra grande guerra, está a destruição mútua assegurada, questão que, na verdade, se coloca desde o tempo da Guerra Fria. Na prática, os países que dispõem de armas nucleares sabem que um uso generalizado traria consequências catastróficas, incluindo para quem dispara, o que (desejavelmente) funcionará como travão. Outra boa notícia: em teoria, há hoje mais mecanismos de contenção, seja a diplomacia, as mediações multilaterais, os tratados, as sanções, entre outros. Ora, uma guerra global implicaria sempre custos avultadíssimos - económicos, militares e até sociais -, fator que deixa de pé atrás qualquer governante que se preze.
Foto: AFP
Momentos críticos
Na verdade, esta não é a primeira vez que se fala de um eventual risco de conflito mundial. Além da Guerra Fria, em que EUA e Rússia alimentaram a ideia de uma nova guerra, houve outros momentos críticos: a anexação da Crimeia por parte da Rússia em 2014, por exemplo; a troca de ameaças (2017) entre o líder da Coreia do Norte, Kim Jon-un, e Donald Trump, presidente americano; a já referida invasão da Ucrânia pela Rússia, em 2022; a tensão entre EUA e China em torno de Taiwan.