JNTAG - É uma fonte concentrada, com elevado rendimento, bastante utilizada para gerar eletricidade. Tem vantagens e desvantagens. O nosso país consome 5%, mas não a produz. Este é um assunto com vários pontos de interrogação.
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Reação, divisão, multiplicação
A energia nuclear, também conhecida como energia atómica, nasce através de um processo de reações complexas que acontecem no núcleo dos átomos de elementos pesados, habitualmente urânio (plutónio também). A sua estrutura altera-se nessa fissão, ou seja, divisão do núcleo do átomo de urânio que era pesado e que se torna leve e se multiplica. Há calor e a energia liberta-se. Tudo acontece num ambiente controlado, em centrais nucleares, para produzir eletricidade para cidades e indústrias.
As primeiras experiências neste novo mundo começaram no fim do século XIX e intensificaram-se nas primeiras décadas de 1900, quando cientistas perceberam melhor o comportamento dos átomos e o que dentro deles poderia surgir. Para o bem e para o mal. A questão é essa.
Prós e contras
A energia nuclear é tema que continua a causar polémica. É boa ou é má? É necessária? É perigosa? As vantagens concentram-se sobretudo na comparação com os combustíveis fósseis, as reservas nucleares são muito maiores, os países que importam petróleo e gás ganham maior autonomia energética, e fala-se que não há emissão de gases de efeito estufa na produção.
As desvantagens apontam para elevados custos de construção e funcionamento das centrais, a radiação que pode permanecer milhares de anos na Natureza, e o destino incerto do lixo atómico, para onde vão os resíduos radioativos é sempre uma incógnita. Outro receio é a utilização da energia nuclear para fins bélicos, para bombas de guerra.
Chernobyl não se esquece
Um acidente nuclear é um dos maiores e piores receios. O que aconteceu em Chernobyl, na Ucrânia, permanece na memória. A 26 de abril de 1986, o reator 4 da central nuclear dessa cidade explodiu e libertou enormes quantidades de material radioativo na atmosfera com graves repercussões na vida e saúde de muita gente. Ainda hoje se fala do que ali aconteceu.
Há filmes e documentários sobre essa catástrofe (sim, foi uma catástrofe com dezenas de mortes). Um desastre destas dimensões significa muita coisa má: radiações perigosas no ar que entra pelos pulmões; evacuação de grandes áreas de terreno e deslocação de populações; contaminação da água, dos solos, do que cresce na terra; doenças a curto, médio e longo prazo, dependendo do tempo de exposição.
Já neste século, em março de 2011, aconteceu outro desastre nuclear em Fukushima, no Japão, depois de um sismo e de um tsunami. Três reatores derreteram-se, houve explosões, houve mortes e mais de 160 mil residentes das áreas ao redor da central tiveram de deixar as suas casas.
Portugal não produz, consome apenas
O nosso país consome 5% de energia nuclear, na eletricidade que chega às casas, mas não tem centrais em nenhum lugar para a sua produção. Esse consumo verifica-se na importação de energia elétrica de Espanha, aqui ao lado. A central mais próxima de Portugal é a de Almaraz, na região da Extremadura espanhola, a cerca de cem quilómetros da fronteira portuguesa. Fica junto ao rio Tejo e usa a sua água para arrefecer os reatores. Tem causado alguma polémica e o seu encerramento definitivo está previsto para 2027.
Pactos internacionais para uso pacífico
O Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares pretende impedir a disseminação de armas, promover o uso pacífico da energia, alcançar o desarmamento nuclear. Foi assinado em 1968, é o principal acordo nesta área, envolve mais de 180 países, Portugal incluído. Antes disso, em 1957, surgiu o Tratado EURATOM, da Comunidade Europeia da Energia Atómica, para coordenar a pesquisa e desenvolver padrões de segurança para o uso da energia nuclear na Europa. Há ainda o Acordo sobre o Plano de Ação Conjunto Global com o Irão para garantir que o programa nuclear desse país seja pacífico. E também a Convenção Internacional para a Supressão de Atos de Terrorismo Nuclear para prevenir e punir ações com essas intenções maléficas.
Números
16%
Percentagem estimada de produção de energia elétrica em centrais nucleares em todo o Mundo
15 países
São responsáveis por 91% de toda a energia nuclear produzida no Mundo,
segundo dados do Fórum Económico Mundial
31%
É a produção de energia nuclear dos Estados Unidos da América, o principal produtor mundial,
seguindo-se, por esta ordem, China, França, Rússia, Coreia do Sul, Canadá, Ucrânia
