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JNTAG - Aprender verdadeiramente vai muito além de decorar factos. O uso excessivo de ecrãs, embora nos mantenha bem informados, poderá comprometer a nossa memória a longo prazo. Sobretudo a das crianças e dos adolescentes.
O que significa "aprender" e como isso é diferente de memorizar?
Aprender é compreender ideias, fazer ligações e conseguir explicar ou aplicar o que se sabe em situações novas. Memorizar é apenas decorar informação, muitas vezes sem a perceber. A psicologia da aprendizagem mostra que o cérebro recorda melhor quando entende e utiliza a informação, em vez de apenas a repetir.
Será que os ecrãs dificultam a nossa capacidade de memorizar?
Alguns estudos indicam que usar ecrãs durante muitas horas pode reduzir a memória de trabalho - a parte do cérebro que guarda temporariamente o que precisamos de lembrar naquele momento. Em vários países, investigações com crianças e adolescentes mostram que quanto maior o tempo de ecrã, mais fracos tendem a ser certos testes de memória e atenção.
Porque é que os ecrãs têm esse impacto negativo?
Uma das razões é o excesso de estímulos: notificações, vídeos rápidos, sons e imagens constantes. O cérebro recebe tanta informação ao mesmo tempo que tem dificuldade em selecionar o que deve guardar. Além disso, demasiado tempo de ecrã reduz o sono - e o sono é essencial para transformar memórias curtas em memórias duradouras.
A diabólica luz azul
A luz azul emitida pelos dispositivos pode "enganar" o cérebro, fazendo-o pensar que ainda é dia. Isso atrasa o sono e prejudica a consolidação das memórias. Por isso, especialistas sugerem evitar ecrãs cerca de uma hora antes de deitar.
Curiosidade
Sabias que, durante o sono, o cérebro "arruma" as memórias, como quem organiza uma biblioteca? Se dormimos pouco, esse processo fica incompleto.
Os ecrãs podem atrapalhar a atenção?
Sim. A alternância rápida entre tarefas - ver vídeos, enviar mensagens, jogar, pesquisar - treina o cérebro para se distrair com facilidade. Estudos sobre multitarefa digital mostram que, após muitas mudanças bruscas de atenção, a capacidade de concentração contínua diminui.
Outra curiosidade
O cérebro pode demorar cerca de 20 minutos a recuperar a concentração total depois de uma interrupção, mesmo que pareça apenas "um segundo para ver uma notificação".
Então, usar ecrãs nunca é bom para aprender?
Pode ser muito útil - desde que usado com equilíbrio. Vídeos educativos, aplicações interativas ou jogos de raciocínio ajudam a compreender melhor conteúdos difíceis. O problema não é o ecrã em si, mas sim o tempo e a forma como é utilizado.
Há maneiras de melhorar a memória sem depender de ecrãs?
Sim. A repetição espaçada, por exemplo, consiste em rever o conteúdo aos poucos ao longo dos dias, e é considerada uma das técnicas de estudo mais eficazes. Outra estratégia é explicar o que se aprendeu a outra pessoa - isso obriga o cérebro a organizar a informação e a consolidá-la.
Mais uma curiosidade
Quando explicamos algo em voz alta, ativamos mais áreas do cérebro do que quando apenas lemos. É por isso que ensinar alguém também ajuda a aprender.
A nossa memória não é um computador
Ao contrário do que muitos pensam, o cérebro não funciona como um disco rígido. Ele não "guarda ficheiros", reconstrói memórias sempre que precisamos delas. Por isso, quanto mais vivências, emoções e prática ligarmos ao que aprendemos, mais fácil será recordar.
A chave está no equilíbrio
Aprender é imaginar, relacionar, testar e compreender - algo que nenhum ecrã pode fazer por nós. E quando equilibramos o digital com boas estratégias de estudo, a memória torna-se mais forte e o conhecimento acompanha-nos durante muito mais tempo.
