JNTAG - É um prémio importantíssimo, um reconhecimento de amplitude mundial (e uma enorme responsabilidade nos ombros). A decisão é ponderada ao milímetro porque o impacto é gigante. E tem o nome do seu fundador: Nobel, Alfred Nobel.
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O inventor da dinamite
Um pouco de história, para começar, para perceber quem foi o homem que criou os prémios Nobel. Alfred Nobel nasceu em Estocolmo, Suécia, em 1833. A mãe tinha uma mercearia, o pai conseguiu ter sucesso na indústria de equipamentos militares para o exército russo. Foi em São Petersburgo, Rússia, para onde a família se tinha mudado, que estudou. Alfred gostava de ler, sobretudo literatura inglesa, escrevia poemas, e era apaixonado pelo mundo da química, amor que o levou a querer aprender em vários países. Fascinado por várias descobertas, como a nitroglicerina, voltou à Suécia, onde inventou a dinamite e a borracha sintética.
Morreu a 10 de dezembro de 1896, de hemorragia cerebral, em Itália. No seu testamento, deixou escrito, e meios, para que fossem criados prémios anuais para as pessoas que mais tivessem contribuído para o desenvolvimento da Humanidade em todo o Mundo.
O processo: formulário, calendário, o Comité, a Academia
Em setembro de cada ano, o Comité do Nobel envia um formulário para cerca de três mil pessoas e organizações - entre as quais, o Instituto do Direito Internacional, a Liga das Mulheres, a Liga para a Paz e Liberdade, o Tribunal Internacional da Justiça, professores universitários, antigos vencedores do prémio, governos e parlamentos - que têm poder de escolha.
Os nomes têm de ser indicados até 31 de janeiro. De março a maio, consultam-se especialistas e conselheiros de várias partes do Mundo. Entre junho e agosto, o Comité do Nobel envia as suas recomendações à Academia da Noruega. Em outubro, é escolhido e anunciado o vencedor que recebe o prémio numa cerimónia em Oslo, capital da Noruega, a 10 de dezembro, data da morte de Alfred Nobel.
O propósito e a decisão final
Alfred Nobel deixou escrito, em testamento, que o Nobel da Paz deve ser atribuído à pessoa ou instituição que fez mais ou melhor para promover a paz, as boas relações entre as nações e a abolição ou redução dos seus exércitos. É exatamente isso que faz o Comité Nobel da Noruega, composto por cinco personalidades nomeadas pelo Parlamento norueguês - e os seus nomes são mantidos em sigilo. É este grupo que se reúne todos os meses, de fevereiro a outubro, para tomar uma decisão que pode ser unânime ou por maioria de votos.
Os dois portugueses para sempre na história
Apenas dois portugueses receberam o Nobel, e nenhum o da Paz. O primeiro foi o médico Egas Moniz, neurologista, que ganhou o Prémio Nobel da Medicina, em 1949. O segundo foi o escritor José Saramago, laureado com o Nobel da Literatura, em 1998, pela sua obra, pelas suas "parábolas portadoras de imaginação, compaixão e ironia", sublinhou o Comité. No ano passado, o português António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, chegou a ser mencionado como favorito ao Nobel da Paz. Mas quem ganhou foi a organização japonesa Nihon Hidankyo, conhecida por Confederação Japonesa das Organizações de Vítimas de Bombas Atómicas e de Hidrogénio, fundada por sobreviventes das bombas atómicas de Hiroxima e Nagasáqui, em 1956. "Pelos seus esforços para promover um mundo livre de armas nucleares", justificou o Comité.
As incógnitas de 2025
O Comité do Nobel recebeu 338 candidaturas, 244 pessoas e 94 organizações indicadas para o Nobel da Paz deste ano. Em janeiro, milhares de pessoas assinaram uma petição para que o prémio seja atribuído à francesa Gisèle Pelicot, que se tornou um símbolo feminista durante o julgamento que expôs as repetidas violações do ex-marido, como a drogava e recrutava homens para a violentarem. O caso atraiu a atenção mundial.
Os nomes dos candidatos não são divulgados, o que permite especular. Fala-se que Donald Trump estará na lista, resta saber com que argumentos.
Notas
O vencedor do Prémio Nobel da Paz ganha uma medalha, um diploma e cerca de um milhão de euros.
Malala Yousafzai, ativista paquistanesa, foi a premiada mais jovem de sempre. Tinha 17 anos, em 2014. Dois anos antes, tinha sido baleada na cabeça num atentado, quando regressava da escola. Foi reconhecida pela sua luta em defesa dos direitos humanos e do acesso à educação das meninas e raparigas no nordeste do seu país.
Em 2020, o Nobel da Paz foi para o Programa Alimentar Mundial, a maior agência humanitária do Mundo, que, todos os anos, fornece alimentos a 90 milhões de pessoas, entre as quais 58 milhões de crianças, em 80 países.
Em 2009, Barack Obama, então presidente dos Estados Unidos, recebeu o Nobel da Paz pelos "esforços extraordinários" em "fortalecer a diplomacia internacional e a cooperação entre os povos". A vontade de desarmamento nuclear foi outro dos motivos apresentados pelo Comité.
Em 2001, a Organização das Nações Unidas (ONU) e o seu então secretário-geral Kofi Annan receberam o prémio. Muitos anos antes, em 1954, foi para o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. A virar o século, em 1999, o reconhecimento foi atribuído aos Médicos Sem Fronteiras. Seis anos antes, em 1993, Nelson Mandela, o ativista sul-africano, que foi presidente do seu país, foi Nobel da Paz.