JNTAG - A subida atingiu os 80% em pouco mais de três anos. O que é muito e o problema é que não é exceção. Há mais alimentos que disparam, monetariamente falando, nos supermercados. E o orçamento familiar fica curto.
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Subidas nada suaves
Ultimamente, não há mês que o preço dos ovos não seja tema de conversa. Vai-se ao supermercado e mais uma subida. A Deco - Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor fez as contas e apresentou as conclusões. O valor de meia dúzia de ovos aumentou de 1,61 para 2,05 euros, 34 cêntimos o ovo, em apenas três meses, entre 1 de janeiro e 26 de março deste ano, o que representa um aumento de 27%. No ano passado, o preço de uma embalagem de seis ovos já tinha subido de 1,54 para 1,61 euros. Recuando mais um pouco, o preço dos ovos disparou praticamente 80% entre janeiro de 2022 e março de 2025. O que está a acontecer?
O abate de galinhas e a “ovoflação” americana
O que acontece nos Estados Unidos tem repercussões no resto do Mundo, como sabes. Foi o que aconteceu. A gripe das aves naquele país obrigou ao abate de muitas galinhas. Menos galinhas, menos ovos. Mais procura, menos oferta. Menos ovos, preços mais altos. Foi precisamente nos Estados Unidos que o termo “ovoflação” surgiu para enquadrar este cenário provocado pela tal doença, chamada gripe, altamente contagiosa que afeta as aves, tanto domésticas como selvagens, e que tem sido controlada com o abate. Desde então que o preço dos ovos começou a subir, a subir, a subir, devido, lá está, à escassez do alimento.
166 milhões de galinhas foram abatidas nos Estados Unidos em 2022
Uma dúzia de ovos chegou a custar 15 euros para os consumidores norte-americanos
Gema e clara, uma rica proteína
Os ovos são um alimento completo, equilibrado em nutrientes, rico em proteínas de grande qualidade, pouca gordura saturada, valor energético moderado, boas quantidades de vitaminas A e também E, zinco, cálcio e fósforo. O seu colesterol tem pouco impacto no sangue. Os ovos fazem parte de uma alimentação saudável e são associados à redução de doenças cardiovasculares e osteoporose, ao reforço do sistema imunitário, ao ganho de massa muscular e à prevenção do envelhecimento precoce. Por tudo isto, chamam a atenção e são bastante falados.
Os ovos têm classes (tamanhos como as roupas)
S Pequeno (menos de 53 gramas)
M Médio (53 a 63 gramas)
L Grande (63 a 73 gramas)
XL Gigante (mais de 73 gramas)
O cabaz alimentar
A Deco monitoriza o preço do cabaz alimentar, composto por 63 bens essenciais, para que os consumidores percebam o que mais sobe, o que mais custa à carteira. Nas últimas semanas de maio, verificou-se uma subida de mais 3,74 euros nesse cabaz em comparação com o ano passado, mais 2,28 euros do que na primeira semana de janeiro, mais 4,35 euros desde o fim do IVA zero, e mais 50,74 euros relativamente ao início de 2022. Neste momento, o cabaz anda pelos 239 euros e inclui vários alimentos, desde ovos, carne e peixe, frutas e legumes, leite, queijo, manteiga, arroz, esparguete, entre outros.
Carapau, polpa de tomate e cereais também estão na lista
Não são apenas os ovos que estão mais caros. Há outros bens essenciais à alimentação que continuam a disparar. O carapau, os ovos, e a polpa de tomate foram os produtos que mais aumentaram desde o início do ano, com subidas a atingirem os 28%. Mas há mais exemplos. De 14 a 21 de maio, os cereais de fibra aumentaram 13%, estão mais caros 50 cêntimos. A cebola subiu para 1,36 euros o quilo, mais 12%. E o café torrado moído está nos quatro euros, mais 6%.
Ao comparar os preços dessa semana com a primeira de 2025, o bife de peru, o alho seco, o queijo flamengo fatiado e a manteiga com sal também aumentaram cerca 10%.
Há vários fatores para que isso tenha acontecido: custos de produção que aumentam, menos oferta de matérias-primas, a subida da taxa de inflação. A invasão da Ucrânia pela Rússia também teve um grande impacto, na pressão feita ao setor agroalimentar, tendo em conta que os cereais consumidos na Europa vinham sobretudo do território ucraniano. Não admira, portanto, que estejam mais caros.