Ajudou amigo a agredir ex-companheira e morreu esfaqueado por vizinhos da vítima

Homicídio do trabalhador com 33 anos ocorreu na madrugada de 1 de julho de 2020
D. R.
O Tribunal de Almada começou a julgar dois irmãos pelo homicídio de Carlos Semedo, trabalhador camarário, que ajudava um amigo a agredir a ex-companheira que vivia no bairro Vale Fetal em Almada. Carlos Semedo morreu após ser esfaqueado por dois irmãos, vizinhos da vítima de violência doméstica que partiram em socorro desta.
Os dois suspeitos, Nuno e João Pinto, fugiram depois do crime e foram mais tarde detidos pela Polícia Judiciária de Setúbal.
O homicídio do trabalhador camarário com 33 anos ocorreu na madrugada de um de julho de 2020. De acordo com a acusação do Ministério Público, Carlos e o amigo, Hugo Bernardo, dirigiram-se à casa da ex-companheira de Hugo. "Aí chegados, Hugo Bernardo desferiu um pontapé na porta de casa da mulher, rebentando a fechadura e ombreira, abrindo-a e logrando assim entrar para o seu interior, onde a agarrou pelos cabelos". Isto na presença dos filhos da vítima.
Nuno Pinto, vizinho e amigo da vítima de violência doméstica, "dirigiu-se a casa desta para a socorrer, altura em que Carlos Semedo lhe exibe a faca que trazia consigo, dirigindo-lhe as seguintes palavras: 'Ainda está aqui armado em esperto'", descreve a acusação. Nuno saiu e dirigiu-se a casa, onde se muniu de uma faca e queixou-se ao irmão, João, de que tinha sido ameaçado de morte por Carlos Semedo.
Perante os gritos da vítima de violência doméstica, vários vizinhos saíram para a rua e os dois amigos, Carlos e Hugo, fugiram. Atrás deles seguiram os dois irmãos, João e Nuno Pinto.
João tinha uma arma de fogo e disparou três vezes para o ar. "Os dois alcançaram a vítima [Carlos Semedo] no terreiro Alfredo Marceneiro, onde o arguido Nuno Lopes, lhe desferiu dois golpes no tronco com a faca de cozinha com que vinha munido". A vítima apoiou-se num poste ainda com a arma do crime cravejada no tórax, mas acabou por cair no chão inanimada.
A GNR recebeu a chamada pouco antes da uma hora da madrugada e fez chegar ao local um forte contingente de militares do posto da Sobreda da Caparica e do Destacamento de Intervenção. Os dois irmãos foram identificados por vizinhos que acorreram às janelas alertados pelo barulho e foram mais tarde detidos pela Polícia Judiciária de Setúbal.
A investigação da PJ apurou ainda a proveniência da arma disparada por João Pinto. Foi comprada a um amigo durante um jogo de cartas. O vendedor vai ser julgado no mesmo processo por tráfico de armas.

