João Paulo Costa, um dos cinco arguidos de um caso de alegada exploração ilegal de jogos de casino em cafés, negou ontem em tribunal que estivesse envolvido no esquema. O emigrante no Luxemburgo, que já esteve preso na Alemanha, foi ouvido no Tribunal de Viseu, onde o processo corre contra cinco arguidos. Entre estes, estão Juan Gutierrez e Jorge Miguel, gestores da Bidluck SA, empresa concorrente da Estoril-Sol no concurso sobre a concessão e exploração dos casinos de Lisboa e do Estoril.
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O Ministério Público (MP) imputou aos arguidos os crimes de exploração ilícita de jogo e o de material de jogo. Acredita que o grupo montou um plano para "colocar máquinas de jogos de fortuna ou azar em cafés e snack-bares, na região Centro do país, por forma a beneficiarem dos proveitos económicos gerados pelas máquinas, nomeadamente por via do dinheiro que os clientes desses estabelecimentos viessem a desembolsar".
As máquinas em causa só podiam ser jogadas em casinos. Para convencerem os donos dos cafés a entrarem no esquema, os arguidos ofereciam uma percentagem do dinheiro obtido com os jogos, entre os 10 e os 50%, sustenta o MP. Mas o plano foi descoberto numa fiscalização da ASAE.
Segundo o MP, Juan Gutierrez estaria encarregado de contactar os proprietários dos estabelecimentos; Jorge Miguel seria responsável pela colocação do software dos jogos nas máquinas; e os restantes arguidos, João Paulo Costa, Cristóvão Santos e António Costa Silva teriam a função de levantar o dinheiro e de pagar aos donos dos cafés.
"É tudo mentira"
Em tribunal, João Paulo Costa negou tudo o que vem na acusação e garantiu nunca ter trabalhado "com nada relacionado com máquinas de jogo". "Não há nada que seja verdade. É tudo mentira. Nem sei o que aqui estou a fazer", declarou, sustentando que nem sabe trabalhar com as máquinas.
O arguido negou também ter combinado com os restantes arguidos o esquema de exploração ilícita de jogo. Garantiu não ter instalado ou carregado qualquer máquina e defendeu que isso seria "impossível", por ter um problema nas costas, que o levou a ser operado diversas vezes.
Quando questionado pela juíza sobre um outro processo também relacionado com exploração ilegal de jogo, disse que também não sabia porque tinha sido chamado ao Tribunal de Sátão.
João Paulo Costa confirmou que cumpriu três anos de prisão na Alemanha, país onde esteve emigrado entre 2002 e 2016, num processo de natureza fiscal.
Jornalistas do JN ameaçados
À saída do Tribunal de Viseu, no intervalo da sessão para o almoço, o arguido João Paulo Costa ameaçou a equipa de reportagem do JN que estava a cobrir o julgamento, no qual aquele responde por dois crimes, de exploração ilícita de jogo e de material de jogo. O arguido disse que não autorizava a captação de imagens e ameaçou a fotojornalista, dizendo que lhe iria partir a máquina fotográfica. Instantes depois, quando o repórter do JN tentava obter uma reação de Jorge Miguel, outro arguido do processo, João Paulo Costa atirou ao chão o telemóvel que o jornalista estava a usar para gravar as declarações e pontapeou-o para a escadaria do tribunal. Estes factos vão ser objeto de participação à Polícia.