O Ministério Público deduziu acusação contra um homem de 30 anos pelo homicídio de um casal sem abrigo no Seixal. O arguido, de nacionalidade brasileira, agiu sem motivação contra as vítimas, que não conhecia, que ocupavam um antigo externato onde procurou abrigo para pernoitar após uma discussão com a companheira.
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O crime ocorreu na madrugada de 14 de maio na Cruz de Pau, Seixal, num edifício devoluto, onde residiam as vítimas, Gertrudes da Costa, 48 anos, e António, de 53 anos.
De acordo com a acusação, baseada na investigação da Polícia Judiciária de Setúbal, o homicida, depois de aceder ao imóvel, juntou peças em têxtil à entrada da divisão onde os ofendidos se encontravam a dormir e ateou três fogos. Quando percebeu que as vítimas se movimentavam e tentavam sair do local, o arguido abandonou o edifício e tapou a saída com uma porta de madeira.
Ainda segundo a acusação, o arguido, ao sentir a pressão dos ofendidos para saírem, empurrou essa porta contra a parede, até deixar de sentir movimento no interior da casa, conduta que determinou a morte das vítimas.
Após o combate às chamas, durante a manhã e tarde de domingo, era avançada a hipótese de incêndio acidental, com origem em eletrodomésticos que as vítimas tinham no interior da casa devoluta, e que conseguiam usar por ter sido feita uma puxada elétrica ilegal. A investigação da Polícia Judiciária de Setúbal, perante os indícios de crime recolhidos em vários dias de investigação, permitiu apurar que houve de facto mão criminosa e após recolha de provas, o suspeito foi identificado e detido em Espanha, a 8 de agosto, para onde fugiu após cometer o crime.
Vítimas cozinhavam e dormiam num edifício devoluto
Gertrudes e António viviam neste antigo externato, o Novo Dia, há algum tempo. Primeiro foi Gertrudes a ocupar o espaço, há cerca de um ano, e há seis meses acolheu o companheiro, António, que pernoitava até então no carro à porta do espaço. O casal tinha alguns bens que lhe permitiam cozinhar e dormir no espaço devoluto.
O suspeito dos homicídios residia há cerca de um ano em Portugal com a sua companheira. O casal costumava discutir em casa e, por várias vezes, o homem era posto fora de casa, regressando mais tarde. O suspeito não estava referenciado pelas autoridades por crimes em Portugal, nem era procurado por outros crimes no Brasil. O homem está acusado por dois crimes de homicídio qualificado e incêndio. Vai aguardar julgamento em prisão preventiva.