O Tribunal de Setúbal começou a julgar, esta segunda-feira, seis arguidos, familiares, pelo homicídio em coautoria de Fábio Abenta, empregado de um bar em Setúbal, por este se ter demorado a servir cervejas.
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Floriano Canoa, um dos dois arguidos que está em prisão preventiva, que é tido pelo MP como o homem que esfaqueou a vítima, recusou em tribunal ter agredido ou esfaqueado Fábio A e disse ainda que teve uma atitude apaziguadora.
"Foi uma noite de copos e estávamos todos alcoolizados", começou por dizer o arguido. O grupo de seis chegou ao bar Bigodes pelas 1.20 horas separados. "Estava com José Garcia [também arguido em prisão preventiva] quando este bateu no Fábio por demorar a servir cervejas", disse Floriano. “Não o consegui afastar e fui pedir ajuda aos outros que estavam a entrar no bar”, acrescentou.
Nessa altura, começaram a atirar cervejas contra as pessoas que estavam no bar e saíram todos para fora. "Estavam a atirar contra nós e nós respondemos", argumentou Floriano. Saíram todos para o exterior onde, de acordo com o arguido, "José Garcia disse que tinha sido ele a causar o problema e ia voltar para resolver” a situação. “Fui atrás dele, vi-o à porta da cozinha do bar com uma faca na mão e uma grande confusão; consegui tirá-lo de lá e saímos para fora do bar outra vez", prosseguiu, em tribunal, o arguido.
Floriano Canoa diz que viu Fábio sem qualquer marca de sangue, que a vítima também queria bater em José Garcia e que deitou a faca para uma sarjeta depois de a retirar da mão do amigo, mas sem a intenção de esconder. O arguido negou, ainda, qualquer intenção de matar a vítima e justificou a fuga às autoridades dizendo que não queria ficar sem a filha por uma coisa que não fez.
O Ministério Público (MP) defende que foi Floriano Canoa que, com José Garcia e Emanuel Ramos, esfaqueou Fábio Abenta dentro da cozinha do bar Bigodes. Sobre Emanuel Ramos, o arguido diz que não estava no local do crime.
De acordo com o MP, na noite de 9 de setembro, a vítima foi agredida num primeiro momento pelo grupo, que se queixava do atendimento no bar Bigodes, na Avenida 5 de Outubro. O grupo chegou a saiu do bar após agredir o empregado, mas regressou a seguir com um propósito, matar o empregado de bar. Floriano solicitou ajuda a todos os arguidos “para, todos juntos e sem interferência de outros clientes, matarem Fábio Abenta, pedido ao qual todos anuíram prontamente” aponta o Ministério Público.
A vítima ainda se refugiou na cozinha do bar, mas no seu encalço seguiram os cinco arguidos que ainda agrediram de forma violenta uma cliente que se colocou na porta da cozinha para os impedir de chegar ao alvo.
O MP considera que assim que Floriano Canoa entrou na cozinha com José Garcia e Emanuel Ramos, muniu-se de uma faca que estava no local com lâmina de 21 centímetros. José e Emanuel desferiram diversos murros e pontapés no corpo de Fábio Abenta, partiram copos no seu corpo, não o deixando defender-se e permitindo assim que Floriano desferisse dois golpes no peito da vítima.
Consumado o crime, os agressores colocaram-se em fuga num Renault Clio de cor cinzenta e com a PSP no local foi transmitida essa informação. Foram empenhados vários meios na localização do carro, entre os quais a Equipa de Intervenção Rápida que viria a intercetar os suspeitos no bairro dos Pinheirinhos, a poucos quilómetros do local do crime. Floriano acabaria por fugir, mas foi detido pela PJ em março deste ano.
O Ministério Público acusou agora os cinco arguidos pelo homicídio qualificado em co-autoria, tendo em conta que após as primeiras agressões e já fora do bar, combinaram entre si matá-lo. Dois dos arguidos estão em prisão preventiva e os restantes em liberdade.
Fábio Abenta, 31 anos, deixou uma filha de dois anos de idade. Era empregado de balcão há vários anos neste bar na Avenida 5 de Outubro e vocalista da banda Neuropsy.