Arrcancou, esta segunda-feira de manhã, o julgamento dos 13 elementos dos “casuals”, adeptos do Benfica afetos aos No Name Boys, acusados da violação de um rapaz de 16 anos. Dois arguidos ouvidos hoje negam a participação no crime.
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Jonas Santos e Bernardo Soares, dois dos oito arguidos em prisão preventiva acusados de violação de um menor com um pau, disseram, esta manhã, no Campus de Justiça de Lisboa, que foram ver o jogo de futsal Benfica-Sporting, a 19 de abril de 2022, quando terá ocorrido o crime, “sozinhos” e que não se lembram de estarem com os restantes arguidos naquela noite.
“Fui sozinho ao jogo, que eu me lembre não estava ninguém que eu conhecesse”, afirmou Jonas Santos, negando ainda qualquer envolvimento no crime. “Nunca tinha visto o rapaz, não tinha motivos para fazer isto, soube dos factos no dia da detenção”.
Bernardo Soares também admitiu ter assistido à competição de futsal sem companhia e não ter participado na violação do menor. “Quando soube que ia preso fiquei em choque, são factos graves nos quais não me revejo. Não tenho nada a ver com isso, naquele dia a minha namorada queria acabar a relação comigo e fui ter com ela depois do jogo para resolver”, declarou o arguido, que afirmou ainda ter um bilhete de autocarro dessa viagem.
Confrontados pelo coletivo de juízas com imagens de videovigilância da zona comercial do estádio que mostram a presença dos dois perto do local onde terá ocorrido o crime, desvalorizaram. “Fui para a hamburgueria porque era o local habitual de convívio e o meu carro estava estacionado ali perto, não me lembro com quem me encontrei nem com quem falei”, afirmou Jonas.
Os dois arguidos ouvidos, esta manhã, negaram ainda fazerem parte dos “casuals”, adeptos violentos do Benfica que são afetos aos No Name Boys. “Considero-me um adepto, não me considero um 'casual' do benfica”, referiu Jonas Santos. “Sempre gostei de apoiar o Benfica. Não integrei esses grupos de adeptos e nunca ouvi falar em ‘casuals’”, afirmou também Bernardo Soares.
Dos 13 elementos dos “casuals”, adeptos violentos do Benfica que são afetos aos No Name Boys, acusados de vários crimes, oito estão identificados na violação do adolescente e permanecem em prisão preventiva e os outros cinco têm de se apresentar diariamente na esquadra da sua área de residência e não entrarem em recintos desportivos.
O grupo enfrenta sérias acusações, entre as quais a violação de um menor de 16 anos com um pau, também benfiquista mas que tinha amigos sportinguistas. Os arguidos estão ainda a ser julgados por crimes de roubo, ofensas à integridade física, violação agravada, gravações ilícitas, coação agravada, desobediência, detenção de arma proibida e tráfico de estupefacientes. Foram detidos em janeiro, numa megaoperação da Esquadra de Investigação Criminal da PSP de Lisboa contra a violência no futebol.
No julgamento, respondem por três episódios de violência ocorridos em abril de 2022, sempre junto ao Estádio da Luz, antes ou depois de jogos de futebol.
O primeiro caso foi num pós-jogo. Os arguidos levaram o rapaz para trás de uma rulote de hambúrgueres, no Alto dos Moinhos, pois ele tinha fotografado a bancada das claques e partilhado imagens nas redes sociais, identificando adeptos. Os arguidos não gostaram e queriam as fotografias.
Além disso, não toleravam que o rapaz tivesse amigos sportinguistas. Atrás da rulote, molestaram-no sexualmente com um pau, ameaçaram-no, agrediram-no e roubaram-no.
Noutra ocasião, quando estava com um amigo, junto ao estádio, o mesmo jovem foi novamente agredido, fotografado nu e desapossado de bens.
A acusação descreve um terceiro episódio de violência, também em abril de 2020, em que um dos arguidos, acompanhado de um suspeito não identificado, roubou a outro adepto bilhetes para um jogo entre o Benfica e o Liverpool.